Embora o Brasil tenha sido o último país do ocidente a abolir a escravatura, houve quem quisesse estendê-la. Inclusive, uma das vozes mais famosas a se pronunciarem contra a Lei Áurea foi o Barão de Cotegipe. Explicitamente conservador, o político se declarou contra a liberdade geral e imediata das pessoas escravizadas.
Herdeiro de uma família que se estabilizou no Brasil durante as Invasões Holandesas, João Maurício Wanderley nasceu em 23 de outubro de 1815. Após se formar na Faculdade de Direito de Olinda, Wanderley seguiu uma carreira política e, em 1860, recebeu de D. Pedro II o título de Barão de Cotegipe.
Apesar de ser uma das figuras mais emblemáticas do Brasil Império, tanto pelos seus feitos, quanto pela sua personalidade, o Barão de Cotegipe ficou marcado na história pela sua participação em jogos de poder contra a Princesa Isabel e por ter se levantado contra a abolição dos escravos.
Vida e carreira do Barão de Cotegipe
Visto que nasceu em uma família abastada, aquele que viria a se tornar o Barão de Cotegipe cresceu entre a elite do Império. Assim que se formou na Faculdade de Direito de Olinda, em 1837, ele iniciou uma jornada política na qual ocupou os mais diversos cargos de poder.
Logo após sua graduação, Wanderley se tornou Juiz Municipal. Em seguida, ele ascendeu a posições como Juiz da Fazenda e Curador Geral dos Órgãos. Contudo, sua carreira política teve início quando ele assumiu o posto de Deputado Provincial, que foi seguido pelo cargo de Chefe de Polícia, no qual ele combateu a Revolução Praieira.
Com o passar dos anos, Wanderley assumiu uma personalidade cada vez mais conservadora, defensora das causas latifundiárias e escravagista. Embora tal posicionamento fosse comum aos políticos da época, um dos elementos que mais chama atenção na trajetória do Barão de Cotegipe é o fato dele ser apontado como negro pelos historiadores.
Em algum momento entre os anos de 1852 e 1855, o Barão de Cotegipe foi nomeado presidente da província da Bahia pelo próprio D. Pedro II. Em seguida, ele se tornou Senador, Ministro das Relações Exteriores e Ministro da Fazenda do Império. No entanto, foi como presidente do Conselho de Ministros que ele se destacou.
Apesar de ter se levantado fervorosamente contra a Lei Áurea, o Barão de Cotegipe não obteve sucesso em sua manifestação. Então, após a assinatura da mesma, ele foi escolhido para se tornar o presidente do Banco do Brasil, cargo no qual permaneceu até sua morte.
No dia 13 de fevereiro de 1889, o Barão de Cotegipe faleceu no Rio de Janeiro. Na época, o político tinha 73 anos.
A Lei Saraiva-Cotegipe
Assim como mencionado acima, o Barão de Cotegipe era um forte representante dos interesses escravagistas, característica que ele levou para o Senado. Curiosamente, foi durante a sua presidência no Conselho de Ministros que foi aprovada a Lei dos Sexagenários.
Também conhecida com Lei Saraiva-Cotegipe, a norma garantia liberdade aos escravos com 60 anos de idade ou mais. No entanto, havia uma cláusula estabelecia a obrigação de mais cinco anos de trabalhos forçados, como forma de indenizar os senhores de escravos.
Essa cláusula deixou o Barão de Cotegipe em maus lençóis tanto com os abolicionistas quanto com os fazendeiros. Enquanto os primeiros ficaram revoltados com a condição imposta e passaram a exigir libertação total; os últimos eram contrários a qualquer tipo de modificação legal.
Então, nesse cenário polarizado entre o Partido Liberal e o Partido Conservador, deu-se início a um jogo de poder entre ambos que, respectivamente, foram representados pela Princesa Isabel e pelo Barão de Cotegipe.
Barão de Cotegipe e sua oposição ao abolicionismo
Ao passo que o processo de abolição vinha sendo pressionado por diversos outros países, a Princesa Isabel lutava pela aprovação da Lei Áurea. Em contrapartida, o Barão de Cotegipe defendia o prolongamento da escravidão e fazia de tudo para impedir a implementação da lei que marcaria o ano de 1888 e a história do Brasil.
Como resultado disso, a herdeira da família real orquestrou a demissão do Barão de Cotegipe do cargo de Presidente do Conselho de Ministros após o mesmo defender seu subordinado em um impopular caso de violência policial. Em seguida, a monarca colocou João Alfredo Correia de Oliveira, um abolicionista, na presidência do Conselho.
Mesmo com todo o cenário favorável para a aprovação da Lei Áurea, o Barão de Cotegipe não desistiu de manifestar sua oposição. Após enumerar os efeitos negativos da Lei Áurea, ele foi um dos cinco Senadores do Império a votar contra a aprovação da mesma.
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Fontes: Aventuras na História, TAB, MAPA, Estado de Minas.
Imagens: Quora, Pinterest, Ensinar História, YouTube.