Você se lembra das aulas de Língua Portuguesa da escola sobre os tipos de narração de um conteúdo textual? Havia o narrador observador, o narrador personagem, o onisciente, por exemplo.
Entender essa estrutura é fundamental para que você mande bem na produção textual, requisito fundamental para a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que permite a entrada em universidades e, sobretudo, para a compreensão do discurso como um todo, tanto escrito quanto falado.
Entenda abaixo como surgiram esses conceitos e o que diz cada um deles.
A história e importância da narração
A figura do narrador, desde os primórdios, faz parte da história da humanidade. Isso porque, antes mesmo da escrita, que se popularizou somente no século XIX, os nossos ancestrais já se comunicavam através da fala através da arte de contar histórias.
Isso quer dizer que a pessoa que relatava a história já se colocava como personagem, se inserindo no relato, ou como simples observador, acompanhando tudo com certo distanciamento.
Porém, o que antes acontecia apenas através de gravuras e pinturas passou a ser registrado pela escrita.
Dessa forma, a invenção da escrita constituiu um enorme desafio aos escritores, que tiveram que exercer sua criatividade para aprimorar as histórias, inserindo enredos, ambientações, personagens e narrador para capturar a atenção do leitor.
Foi nesse sentido que surgiram, oficialmente, os tipos de narrador em um texto, sobretudo o literário.
Dessa maneira, é primordial destacar a importância na valorização dos diferentes tipos textuais e estruturas narrativas, uma vez que essa construção é fundamental para entender a nossa língua materna e, sobretudo, valorizar a cultura e o modo de escrever do nosso povo.
Foco narrativo: você sabe o que é isso?
O narrador é aquele que dá voz aos acontecimentos presentes em uma narrativa. É ele quem descreve as funções, as ações e o desenrolar da história. Sendo assim, ele tem uma grande versatilidade dentro da estrutura textual: pode participar ou não da história, inserindo suas próprias visões e opiniões no que escreve.
Mais do que agir como escritor do texto, o narrador tem liberdade para mergulhar de vez na história, criando sua própria identidade enquanto autor da obra, seja ela ficcional ou verídica. Esses diferentes modos de narrar uma história é o que chamamos de foco narrativo.
Essa escolha significa, antes de mais nada, a definição do percurso que o autor irá usar para conduzir a sua narrativa. É de acordo com essa trajetória que o narrador irá agir diante da estrutura que estará sendo criada.
Contudo, cabe ressaltar que autor e narrador nem sempre são a mesma pessoa. A depender do tipo de texto apresentado, o autor coloca no narrador um aspecto fictício, ilusório, como um personagem dentro de uma trama.
Podemos pensar em dois tipos de texto para ilustrar esse raciocínio: os romances de época, por exemplo, podem ilustrar o interesse do autor em contar uma história avassaladora entre um casal que enfrenta dificuldades, traições e lutas para viverem um grande amor.
Por sua vez, uma biografia nada mais é do que a descrição de memórias da vida daquele autor. Ali, ele conta sua trajetória, suas alegrias, desilusões e aspectos que o marcaram desde a infância até a vida adulta.
Nesse caso, o narrador é o próprio personagem, fazendo prevalecer um foco narrativo claramente envolvente e intimista, como se o escritor estivesse conversando diretamente com o leitor em questão.
Tipos de narrador
Os principais tipos de narrador são o narrador personagem, o narrador observador e o narrador onisciente. Confira abaixo o que cada um deles representa:
O narrador personagem é aquele que utiliza a 1ª pessoa do discurso em sua narrativa. Isso quer dizer que o autor participa ativamente das ações, se inserindo dentro do texto.
Essa proximidade provoca dois efeitos: um é o detalhamento das situações, que só é possível ser contado por quem vivencia a situação, enquanto por outro lado essa aproximação configura certa parcialidade do personagem, devido a contação do relato a partir da óptica do autor.
Já o narrador observador conta a história em 3ª pessoa, se distanciando das situações. Desse modo, o texto torna-se mais raso, com poucos detalhes, porém vigora uma maior neutralidade em relação às ações da narrativa.
Por último, vem o narrador onisciente. Ele mescla um pouco dos dois tipos anteriores, transitando entre 1ª e 3ª pessoa, conhecendo as emoções e pensamentos dos personagens. Sua principal característica é saber tudo sobre a narrativa, incluindo o futuro da história.
Uma característica especial desse tipo de narração é o uso do discurso indireto livre para atuar em 1ª pessoa, revelando as vozes interiores e o fluxo de consciência dos participantes da escrita. Essa complexidade permite uma inovação literária que desenha toda a história, desde a introdução, passando pelo clímax, até o desfecho.
O que achou sobre o tema? Muito importante, não? Para saber mais, leia também sobre Denotação e Conotação.
Fontes: Mundo Educação, Brasil Escola, Português, InfoEscola
Imagens: Povos e Linguas, Arts Dot, Leiturinha, Vest Mapa Mental.