Segundo o filósofo e comunicólogo Vilém Flusser, o homem desenvolveu a comunicação não por ser um animal racional ou político, mas sim por medo da solidão. Isso explica o porquê do nomadismo do homem pré-histórico ter dado lugar à vida em sociedade. Afinal, se fizeram necessárias as relações sociais.
Da mesma forma que a filosofia e a própria comunicação, as relações sociais parecem inerentes ao ser humano. Logo, integram alguns dos fenômenos existenciais que são difíceis de definir. Porém, para a Sociologia, elas constituem um conjunto de interações entre os indivíduos em seus diversos espaços sociais.
Além disso, as relações sociais possuem diferentes motivações, que variam da espontaneidade ao interesse. Assim como dissemos acima, o homem abandonou o estilo de vida nômade para viver em sociedade e isso só foi possível graças à socialização proporcionada por essas interações. Contudo, o que exatamente são relações sociais?
Relações sociais sob diferentes óticas
Bom, a resposta para essa pergunta varia segundo perspectivas. Para Karl Marx, as relações sociais que os homens estabelecem entre si são resultados das forças produtivas e da apropriação dos meios de produção. Isso porque, para produzir, os indivíduos estabelecem laços e relações bem determinadas uns com os outros.
Em contrapartida, Ferdinand Tönnies define essas relações como uma projeção das “vontades” humanas. Em suma, elas são um conjunto de mecanismos motivadores da conduta dos homens em relação uns aos outros. Consequentemente, essa vontade pode se apresentar de forma orgânica e afetiva ou consciente e dominante.
Inclusive, de acordo com Tönnies, “comunidade” e “sociedade” são coisas bem diferentes. Enquanto a primeira é formada por pessoas unidas por objetivos coletivos comuns cujos laços são naturais e espontâneos, na segunda as relações são formadas através de interesses individuais, competição, concorrência e indiferença.
Já para Émile Durkheim, as pessoas podem atrair-se umas pelas outras tanto pelas semelhanças quanto pelas diferenças que acabam resultando em “formas de solidariedade”. Essas relações por solidariedade podem se dar de forma mecânica ou orgânica, a primeira refere-se ao interesse coletivo, a segunda é associada ao individual.
Tipos de relações que podem ser encontradas
Analisando as diferentes teorias apresentadas, fica notável que existe um padrão social que recebe diferentes classificações, mas que, no fim das contas, dividem as relações sociais em:
- Formais: motivadas por algum interesse ou obrigação social, as relações formais não contam com companheirismo e afeto entre os indivíduos. Além disso, são passageiras e construídas em diversas etapas da vida. Um exemplo disso são as relações profissionais.
- Informais: ao contrário das relações formais, as informais são mais duradouras e têm como base o afeto entre as pessoas que interagem entre si. Ademais, a linguagem nessas relações é mais coloquial, como pode ser notado em relações familiares e amigáveis.
Só para ilustrar, as relações sociais podem se dar nos âmbitos: familiar, cultural, pedagógico, econômico, comercial, político e religioso.
A socialização do indivíduo
Desde seu nascimento, o indivíduo vai passando por diversas etapas de socialização ao longo da vida. A “descoberta” do outro se dá logo nos primeiros anos, durante a convivência familiar. Apesar do conceito de família ser bem amplo, nesse caso nos referimos ao primeiro grupo social do qual o ser humano faz parte.
Em seguida, outro grupo social que possui bastante impacto na formação do indivíduo é a escola. Ali é possível ver a primeira divisão entre relações formais e informais que marcarão os demais estágios da vida pessoal.
No entanto, toda e qualquer relação social depende das características do espaço geográfico. Afinal, comportamentos e perspectivas variam de cultura para cultura e a forma como o indivíduo lidará com essas diferenças é desenvolvida ao longo das suas primeiras relações sociais.
E então, o que achou da matéria? Se gostou, confira também: Conceito de sociedade – Definição, características e tipos de sociedade.
Fontes: Infopédia, Toda Matéria, UOL Educação.
Imagens: Shoeib Abolhassani, Jacek Dylag, Toa Heftiba, CDC.