No início da década de 1990, o Brasil atravessava uma grave crise econômica por conta dos níveis explosivos da inflação brasileira. Foi nesse contexto que o Plano Collor surgiu.
Na época, quem estava na presidência do Brasil era Fernando Henrique Collor, um jovem político carioca, mais conhecido como “caçador de marajás”, que prometia controlar a hiperinflação e renovar a economia.
Nesse sentido, o plano econômico consistia em um conjunto de reformas para frear o crescimento dos preços e a estagnação econômica. A medida provocou sérias consequências e muita indignação por parte da população, que chegou a ter suas poupanças confiscadas pelo Estado.
Para entender melhor esse assunto, é preciso compreender qual era o contexto histórico vivido na época, quais as características dessa iniciativa e o porquê dela não ter dado certo.
Momento histórico
Em 1989, o Brasil voltava a votar nas primeiras eleições diretas e pluripartidárias para presidente após 21 anos de Ditadura Militar (1964-1985).
Como resultado, direitos políticos e sociais voltavam a ser conquistados: uma nova constituição foi promulgada e, com ela, novos direitos trabalhistas foram garantidos ao cidadão.
Disputavam o cargo de presidente perfis antagônicos, como Ulysses Guimarães, à direita, e Luiz Inácio Lula da Silva, à esquerda.
Contudo, um jovem candidato moderador e então governador de Alagoas conquistou, com o apoio da imprensa, a confiança dos eleitores.
Nascia, então, o início do mandato de Fernando Collor de Mello e, posteriormente, um ousado plano econômico que ficou conhecido como Plano Collor.
Por outro lado, a inflação batia seu recorde no último ano do governo de José Sarney (1990-1992), que chegou a expressivos 1,972% ao ano.
Essa desandada dos preços foi resultado das medidas tomadas durante a ditadura militar, marcada por empréstimos em incentivo ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Por sua vez, essa decisão resultou no crescimento da inflação, que chegou a mais de 242% em 1985.
Outros planos de enfrentamento da economia foram colocados em prática, como o Plano Bresser. Porém, nenhum surtiu efeito. Sendo assim, o próximo mandato daria início a um marco na economia do país.
O Plano Collor I
A princípio, o Plano Collor não foi aprovado pelo Congresso Nacional, como diz a Constituição, e foi editado por meio de uma medida provisória.
Contudo, a decisão não foi sequer informada no plano de governo do presidente, que falava em acabar com a corrução e demitir funcionários públicos.
Desse modo, os brasileiros foram pegos de surpresa com o anúncio oficial feito pela líder da pasta econômica e professora da USP, Zélia Cardoso de Mello. Tinha início o Plano Collor, que ficaria conhecido, sobretudo, pelo confisco das poupanças brasileiras por 18 anos.
De teor neoliberal, o planejamento objetivava conter o aumento da inflação e estabilizar a economia. Para tanto, algumas das medidas resultantes foram:
- Congelamento de depósitos por 18 meses;
- Congelamento de preços e salários do setor privado;
- Confisco por 18 meses do valor presente na poupança dos brasileiros que ultrapassasse 50 mil cruzeiros;
- Privatização de estatais e demissão de funcionários públicos.
O Plano Collor II
Com o fracasso, em janeiro de 1991 passou a funcionar a segunda parte do plano, conhecido como Plano Collor II, que implantou um novo congelamento de preços.
Além disso, houve a criação da Taxa de Referência de Juros (TRJ) e do Fundo de Aplicações Financeiras (FAF), além do aumento de tarifa públicas para energia, Correios e transporte ferroviário.
As consequências
A medida econômica, além de não conter a inflação, foi bem impopular por conta, principalmente, do confisco das poupanças dos brasileiros por 18 meses.
Já a continuação do plano econômico foi marcado pela taxa média de inflação de 7,4%, mostrando-se igualmente fracassado. Por último, foi lançado o Plano Marcílio, que também gerou poucos efeitos, coma inflação beirando o 40% n véspera da criação do Plano Real.
Em suma, nenhum dos três foi eficaz para frear o desequilíbrio da economia, o que só veio a melhorar com Itamar Franco e Fernando Cardoso, que implantaram o Plano Real.
Posteriormente ao fim do Plano Collor, o desemprego aumentou consideravelmente, houve cortes em infraestrutura e o PIB despencou.
Por fim, Collor foi acusado de corrupção pelo próprio irmão e, mais tarde, envolto em polêmicas e pressão popular, renunciou ao cargo em 29 de dezembro de 1992.
Gostou do texto? Aproveite para conferir também o que foi o Plano Real.
Fontes: Toda Matéria, Quero Bolsa, Capital Research, Mais Retorno
Imagens: Radio Jota FM, Isto É, Redação Nacional, Blog Editora Contexto, Jusbrasil.