Certamente, você já deve ter ouvido falar sobre Nelson Rodrigues, o escritor, dramaturgo e jornalista, que revolucionou o teatro com sua escrita irreverente e personalidade polêmica.
Conhecido por seu humor ácido e politicamente incorreto, suas obras foram marcadas pelo brilhantismo controverso, de quem, embora tenha apoiado o Golpe de 64, sofreu com a censura no período militar. Entre temas polêmicos, Nelson Rodrigues transitou por assuntos como morte, crime e traição, transpostos na vida cotidiana do subúrbio carioca, carregados de tragédia e humor.
No teatro, teve uma carreira fúlgida, marcada pela crítica, com as peças “Vestido de Noiva”, “Boca de Ouro”, “A Falecida”, “Toda Nudez Será Castigada”, entre outras. Além disso, fez carreira na televisão e no jornalismo e, durante todo este período, sua vida foi marcada por polêmicas, frases repletas de humor ácido e entrevistas que revelavam sua personalidade notória.
Afinal, ficou curioso? Finalmente, vamos conhecer um pouco sobre a vida e trajetória de Nelson Rodrigues!
Vida
Nelson Falcão Rodrigues nasceu em 23 de agosto de 1912, em Recife, Pernambuco, fruto do relacionamento de Maria Esther e Mário Rodriguez. Primeiramente, aos cinco anos de idade, sua família mudou-se para o Rio de Janeiro, em 1916, período em seu pai fugia de perseguições políticas. Foi no Rio que Rodrigues iniciou sua carreira como jornalista e se consolidou no mundo teatral.
Trajetória profissional
Sua primeira experiência jornalística foi com apenas 13 anos, no jornal A Manhã, fundado por seu pai e o sócio, Antônio Faustino Porto. Ainda jovem, com 14 anos, escreveu o artigo “A Tragédia de Pedra”, recebido com entusiasmo e uma espécie de prelúdio da sua escrita criativa.
Anos mais tarde, Mário Rodrigues perdeu o comando do periódico para seu sócio. Com isso, fundou outro diário, intitulado de “A Crítica”.
Além disso, com temas policiais, relatos sensacionalistas e ilustrações vívidas e sem pudor, A Crítica tornou-se popular. No entanto, uma das histórias publicadas no jornal desencadeou uma tragédia na família Rodrigues. Após a divulgação de uma matéria ilustrada por Roberto Rodrigues, irmão de Nelson, sobre a separação do casal Sylvia Serafim e João Thibau Junior, Sylvia invadiu a redação do jornal com uma arma e disparou em Roberto.
Sofrendo pela perda do filho, Mário Rodrigues enfrentou a depressão e o vício em álcool. Assim, em 1930, faleceu decorrente de uma trombose cerebral.
Após a tragédia, A Crítica sucumbiu e fechou as portas em 1930. Com isso, Nelson ingressou no jornal ”O Globo”. Criou, então, uma relação amistosa com Roberto Marinho, que, inclusive, pagou seu tratamento contra tuberculose, na década de 30.
A partir de 1940, Nelson começou aflorar seu contato com a ficção. Neste período, dividiu seu tempo como editor no jornal e escritor de peças teatrais, função, inclusive, que o levaria ao prestígio de um dos principais dramaturgos do país.
Vida amorosa
Casou-se com Elza Bretanha em 1940, sua colega de redação. Também se relacionou com Lúcia Cruz Lima e Helena Matia.
O dramaturgo pernambucano morreu aos 68 anos, dois anos após o lançamento de sua última peça, A serpente.
Jornalista
Filho de jornalista, Nelson sempre teve uma relação embrionária com o Jornalismo. Iniciou sua carreira com apenas 13 anos e fez história trabalhando nos principais diários do país.
- Em 1945 abandonou O Globo e ingressou nos Diários Associados.
- Em O Jornal, de Assis Chateaubriand, escreveu seu primeiro folhetim “Meu destino é pecar”, com o pseudônimo “Suzana Flag”.
- Em 1967, publicou suas Memórias no Correio da Manhã, jornal onde seu pai trabalhou cinquenta anos antes.
Nelson Rodrigues e o futebol
Nelson sempre teve uma relação afetiva com o futebol. Porém, somente nos anos 50, iniciou no jornalismo esportivo, com crônicas semanais na Manchete Esportiva. Além disso, na coluna, escrevia sobre partidas e analogias sobre personagens, sobretudo, relacionado ao Fluminense, seu time do coração.
Futebol e a literatura
Rodrigues tinha uma visão romântica de futebol, perceptível no tom literário com que narrava acontecimentos esportivos. Como resultado disso, flertou com a literatura com personagens bem construídos, como o Sobrenatural de Almeida e Gravatinha.
Também utilizava o futebol, frequentemente, como analogia à sociedade. Assim, escreveu uma de suas crônicas marcantes sobre o “Complexo de Vira-Lata” do país, após o 1 título mundial da Seleção Brasileira.
Então, na década de 60, ingressou na televisão, na Grande Resenha Esportiva, da TV Globo. Esta, aliás, foi a primeira mesa-redonda de futebol na televisão. Além disso, paralelamente, continuou com sua atividade nos jornais, na literatura e na dramaturgia.
Dramaturgo
Iniciou no teatro com ” A Mulher Sem Pecado”. Mas, foi somente com “Vestido de Noiva” que obteve sucesso na dramaturgia.
Ao todo, escreveu 17 peças entre 1941 e 1978, sendo as mais emblemáticas:
- O beijo no asfalto;
- Bonitinha, mas ordinária;
- Toda a nudez será castigada.
Em 1944, com o pseudônimo de Suzana Flag, escreveu:
- ‘Meu Destino é Pecar”, publicado como folhetim de 38 capítulos em O Jornal, e lançado como livro no mesmo ano.
- E “Escravas do Amor”.
Após dois anos, retomou a escrita com “Minha Vida”, um romance autobiográfico. Ainda em 1946, escreveu “Álbum de Família”, uma história de incesto, censurada e liberada somente duas décadas depois.
Por fim, em 1951, iniciou no jornal “Última hora”, de Samuel Wainer. Além disso, publicou “A Vida Como Ela É”, sua série de crônicas diária.
Características
Modernista, transitou entre a crônica, romances e, também, peças teatrais, com tom coloquial, retratando a realidade sem eufemismos. Como parte de sua personalidade ousada, suas obras eram carregadas de erotismo – certamente não poderia ser diferente.
Além disso, sua perspicácia psicológica na construção de seus personagens, o elevaram a um expressivo destaque e mérito como escritor. Aliás, foi seu português brasileiro e suas expressões coloquiais que transformaram suas obras em uma herança cultural do país.
Afinal, gostou da história de Nelson Rodrigues? Confira também outras biografias como, por exemplo, quem foi Barão do Rio Branco, importante figura do cenário político brasileiro.
Fontes: Ebiografia, Todo Estudo, Educação Globo.
Imagens: Revista Press, Vermelho, Canal Ciências Criminais