O Maniqueísmo nada mais é do que uma doutrina que prega a dualidade, o bem e o mal, o certo e o errado. Instituída pelo filósofo Maniu Maniqueu, na Pérsia, ela ficou popularmente conhecida no século III. Nesta doutrina religiosa, o espírito é visto como algo completamente do bem, e o corpo, como impuro indigno.
Portanto, curiosamente, o estudioso se considerava um dos últimos profetas com o dever de substituir as religiões existentes pela verdade espiritual, que só viria através do conhecimento. Baseado nos aspectos opostos, instaurou-se o Reino da Luz e o Reino das Sombras.
Doutrina Maniqueísta
De acordo com o que vimos, a carne é vista como perversa e má. Por consequência, considerando o espírito portador da bondade, Maniqueu acreditava na libertação divina e na superação da matéria. Em outras palavras, essa crença é conhecida como gnosticismo, ou gnose, que significa verdade espiritual.
Crê-se, então, na vida terrena como algo doloroso e pecaminoso para a humanidade. Por outro lado, tudo que esteja no âmbito da alma está diretamente relacionado à natureza de Deus e à iluminação interior.
Para compreender melhor o fundamento do Maniqueísmo é necessário trazer de volta o passado. Porque, nesse tempo, o mal e o bem estavam radicalmente separados. O atual momento, ou seja, o presente, é marcado pela junção da matéria impura e má com a alma iluminada. Por conseguinte, o futuro nada mais é que o retorno ao estado original.
Maniqueísmo como religião
Assim, para conhecer melhor a estrutura da doutrina, suas divisões se davam da seguinte forma: havia os que seguiam fielmente as regras e continham o conhecimento, considerados perfeitos; e os fiéis, que apenas se doavam para os serviços e às doações.
Dez mandamentos básicos regiam a vida dos que mantinham os costumes da religião. Logo, basta pensar, se a matéria era vista como pecaminosa, imediatamente, se fazia imprópria a idolatria a qualquer ídolo mundano. Portanto, os falsos profetas deveriam ser vigiados e o cuidado dobrado, para não cair em tentações.
Não mentir, ou praticar qualquer coisa relaciona a isso também é a base da doutrinação. Manter a fidelidade ao marido, ou à esposa, não ferir os seres vivos, nem maltratá-los, prestar ajuda e consolo aos que mais necessitam, não roubar, muito menos cometer fraudes ou roubo estão inclusos nos mandamentos.
Parte das regras, com certeza, você já ouviu falar nos dias de hoje. Há uma explicação! O Maniqueísmo é a junção de várias crenças destinadas aos antigos profetas como: Jesus, Buda, Zoroastro e Adão. A reunião dessas grandes figuras religiosas seria responsável pela criação da nova e única doutrina que iria salvar a humanidade.
As características citadas contribuíram para a organização da Doutrina, que se tornou parte da crença no Império Romano. Seu teor missionário ajudou na proliferação dos fundamentos e disseminou a palavra maniqueísta por várias partes do Egito e da África, de forma geral.
Santo Agostinho e o maniqueísmo
O Maniqueísmo ganhou a atenção do Jovem Agostinho, um dos santos mais conhecidos da igreja católica. Em busca do equilíbrio da razão e da fé, o jovem tomou conhecimento da doutrina com esperança de achar uma saída para os seus questionamentos. Mas, o final dessa relação resultou em rivalidade.
Ainda mais, após se converter ao cristianismo, Agostinho se baseou no conceito de mal como ausência do bem, ao contrário do que foi pregado. Ou seja, Deus não se continha apenas ao mal, e isso acabou influenciando Maniqueu, que resolveu se converter cristão e seguir novos ideais relacionados a Platão e com relação ao corpo e à alma.
Os riscos da dualidade na política
Primeiramente, é necessário ficar atentando ao discurso maniqueísta no ambiente político. Normalmente, a polarização das questões se caracteriza de forma negativa e afeta a sociedade. Tratar questões como certas e erradas, boas ou más, contraria o embasamento da política e simplifica questões de profundidade.
Basicamente, os extremismos ferem a democracia, regime no qual vivemos. Portanto, expor ideias é um direito que deve ser preservado e que afasta ainda a sociedade de polarizações desnecessárias, que geram a violência. Estabelecer o que bom e o que é ruim, em suma, fortalece preconceitos e regride a humanidade.
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Fonte: Toda matéria, Concursos no Brasil, Estudante filosofia, Editora Cléofas. IstoÉ, Significafos, Dicio.
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