No dia 20 de novembro comemora-se o Dia da Consciência Negra, data criada para, entre outros motivos, homenagear figuras históricas como Ganga Zumba.
Em síntese, Ganga Zumba foi o antecessor de Zumbi na liderança do Quilombo dos Palmares, o maior quilombo que existia no Brasil e que era sinônimo de luta e resistência na escravidão.
Apesar de alguns documentos o chamarem de “Grande Senhor”, o mais provável é que a tradução seja “Grande Lorde”, conforme consta em um vestígio de carta endereçada a ele pelo governador de Pernambuco em 1678.
Ele governou entre os anos de 1670 e 1678, na região do estado de Alagoas. Angolano e vendido no Brasil como escravo, era filho da princesa Aquatune e assumiu a posição de herdeiro do reino.
A história conta que ele foi um dos responsáveis por estruturar um estado negro de escravos que fugiam, sobretudo, da Capitania de Pernambuco.
Dessa forma, ele foi eleito o primeiro rei e assumiu o título de Ganga Zumba, ao dar início a uma unificação dos núcleos de resistência. A partir disso, foi criado apenas um só quilombo, conhecido como Quilombo dos Palmares.
O início do reinado de Ganga Zumba
O governo de Ganga Zumba foi centrado e buscava envolver todas as partes do quilombo em uma espécie de nação unificada. Seu comando ficava localizado nas maiores e mais centralizadas vilas da terra, como o Cerro do Macaco, e sediava um conselho de chefes.
Por outro lado, nas vilas menores ele articulou uma administração na qual indicava seus irmãos e parentes próximos para chefiar, o que incluía seus sobrinhos brasileiros, incluindo Zumbi.
Sua moradia era também local de cerimônias e visitação de parentes. Além disso, era o centro da administração de Palmares e onde foram negociados muitos acordos de paz com estrangeiros, colocando em prática o modelo de organização da sua terra natal, Angola.
Luta, acordo e resistência
Ganga Zumba procurou por em prática um governo minimamente conciliador, realizando diversos acordos de pacificação com a Coroa Portuguesa. Seu plano era promover uma trégua entre africanos livres e lusitanos.
Tudo isso porque o Quilombo dos Palmares, em seu auge, reuniu cerca de 20 mil habitantes e se tornou alvo de expedições organizadas por portugueses e holandeses. O objetivo era retomar a mão de obra escrava.
Nesse sentido, o que ocorria é que muitos escravos fugidos de seus senhores encontravam na fortaleza um local para se abrigar e resistir contra o sistema opressor. A partir dali, eles formavam assentamentos, os chamados “mocambos”.
Contudo, apesar dos acordos, ocorriam vários ataques entre Ganga Zumba, o quilombo e os portugueses. Em 1677, o administrador colonial Fernão Carrilho comandou uma guerra contra o quilombo, o que levou a morte de dois filhos de Ganga Zumba, Zambi e Acaiene, além da prisão de outros 50 moradores da terra.
Posteriormente, após a prisão de parentes do líder africano, o governador Pedro de Almeida sugeriu a libertação em troca de um acordo de paz.
Em troca, os quilombolas se mudariam para o Vale do Cacau e não aceitariam mais escravos fugidos das fazendas. Entretanto, tal decisão provocaria desentendimento entre os líderes da comunidade, divididos entre aqueles que continuariam lutando (como Zumbi) e outros que aceitariam a trégua.
Novos tempos
Com a partida de Ganga, dessa forma, a liderança do Quilombo dos Palmares passa para as mãos de Zumbi.
Contudo, ao chegar ao Vale, Ganga Zumba percebeu que foi enganado. Ao contrário do que lhe foi prometido, as terras não eram cultiváveis e os moradores seriam constantemente vigiados e não poderiam circular livremente.
A causa da morte de Ganga Zumba é incerta para muitos historiadores. Alguns afirmam que ele foi envenenado por algum aliado de Zumbi, outros apontam que seus próprios companheiros o assassinaram e ainda há quem sustente que ele se suicidou.
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Fontes: Aventuras na História, Toda Matéria, Portal Geledés
Imagens: História e Geografia, Toda Matéria, Pinterest, Estado de Minas, Revista Cult, Passei Direto