Fernando Henrique Cardoso, mais conhecido como FHC, é sociólogo, cientista político, professor e escritor brasileiro. 34º presidente da República (1995-2002), foi responsável pela consolidação do Plano Real e pela privatização de empresas, além de instituir o neoliberalismo no Brasil.
Filho mais velho de Leônidas Cardoso, de tradicional família de militares e políticos do Império do Brasil, e de Nayde Silva Cardoso, Fernando Henrique Cardoso nasceu na Cidade do Rio de Janeiro, no dia 18 de junho de 1931.
Por consequência da profissão do pai, mudou-se com a família para São Paulo, em 1940, onde continuou seus estudos em escolas particulares. Em 1949, ingressou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP), no curso de Ciências Sociais.
FHC, como era popularmente conhecido, se casou com a antropóloga Ruth Cardoso, com quem teve três filhos: Paulo Henrique, Luciana e Beatriz. Em 1952, se formou em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP).
FHC durante a Ditadura Militar
Engajado nas lutas pela melhoria do ensino público, FHC presenciou o golpe militar civil de 1964 e foi perseguido pelos militares, que tomaram o poder na época.
Passou um tempo exilado no Chile e, posteriormente na França, onde realizou seus estudos de pós-graduação. Além disso, durante sua passagem pelo Chile, conheceu o também sociólogo Enzo Falleto, com quem desenvolveu importantes trabalhos sobre o desenvolvimento da América Latina.
Em 1967, se mudou para a França e lecionou na Universidade de Nanterre até 1968, quando retornou ao Brasil e obteve o cargo de Professor Honorário de Sociologia da USP. Neste mesmo ano, FHC foi aposentado compulsoriamente, em decorrência da Lei de Agenciamento nº 5 AI-5, promulgada pelo presidente Costa e Silva, durante os anos repressivos da ditadura militar.
Fernando Henrique Cardoso também foi o responsável, junto a outros intelectuais brasileiros, pela criação do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), que tinha como objetivo principal, a análise da realidade socioeconômica da sociedade brasileira.
Carreira política de Fernando Henrique Cardoso
Primordialmente, Fernando Henrique Cardoso se inseriu na política em 1978, quando se candidatou ao Senado, representando o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Na ocasião, FHC foi eleito suplente de André Franco Montoro.
Em seguida, no ano de 1980, com o fim do bipartidarismo, foi um dos responsáveis por coordenar e fundar o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).
Assim que Montoro foi eleito governador de São Paulo, em 1983, Fernando Henrique assumiu a vaga no Senado, pelo PMDB. Em 1984, se tornou articulador da campanha das ‘Diretas Já’ e na candidatura de Tancredo Neves à Presidência.
No primeiro ano de mandato do presidente Itamar Franco, FHC foi ministro das Relações Exteriores. Logo em seguida, em maio de 1993, foi nomeado Ministro da Fazenda, onde realizou uma reforma monetária objetivada em conter a inflação e reorganizar a economia brasileira, o chamado Plano Real.
O Plano Real
A ideia central do governo era criar uma moeda que trouxesse estabilidade econômica, ao invés de oferecer um passageiro controle de preços. Dessa forma, Fernando Henrique se reuniu com um grupo de economistas para a elaboração do plano gradual de estabilização.
Em síntese, o Plano Real passou por três fases. Em primeiro lugar estava o Programa de Ação Imediata, um conjunto de medidas econômicas que mostrava as reais necessidades, como o Corte de gastos públicos, a recuperação da Receita, a austeridade no relacionamento com Estados e Municípios, entre outras.
A segunda fase do plano foi elaborada com base na criação da URV (Unidade Real de Valor), que consistia em um indexador que passaria a corrigir diariamente preços, salários e serviços, como se fosse uma espécie de moeda.
E, por último, em julho de 1994, foi introduzida a nova moeda, o real. Logo a inflação baixou e trouxe grande prestígio à Fernando Henrique, tendo em vista que a inflação acabava com o poder de compra e estabilidade.
Governo Fernando Henrique Cardoso – Primeiro mandato
Em março de 1994, Fernando Henrique Cardoso deixou o Ministério da Fazenda para assumir sua candidatura na Presidência da República, pela coligação PSDB-PFL-PTB. Foi eleito presidente do Brasil, no primeiro turno em 3 de outubro de 1994, tendo obtido 54,3% dos votos válidos.
Em resumo, FHC se preocupou, durante seu governo, em dar continuidade à estabilidade monetária, mantendo a economia estável e restaurando a confiança dos investidores internacionais. Como resultado, sua gestão foi marcada pela quebra de monopólio da Petrobrás e pela privatização de grandes empresas estatais.
Logo depois da aprovação de uma emenda constitucional, Fernando Henrique Cardoso se tornou o primeiro presidente brasileiro a se reeleger para um segundo mandato, em 1998.
Segundo mandato
O segundo mandato aconteceu entre os anos de 1998-2002. Contudo, Fernando Henrique enfrentou algumas crises externas, entre elas a crise hídrica, que culminou no “apagão elétrico”.
Ao mesmo tempo, o governo FHC realizou novos acordos com o FMI (Fundo Monetário Internacional), já que o desemprego, a inflação, voltaram à ameaçar o Brasil.
Em resumo, o controle do gasto público e aumento da produção, como condição para novos empréstimos, levaram à criação da Lei de Responsabilidade Fiscal para estados e municípios.
Em 2002, com 70 anos de idade, FHC encerrou o seu governo, sendo sucedido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A partir de então, o ex-presidente FHC passou a escrever e a prestar consultoria política.
Casou-se novamente em 2014, com a secretária executiva da Fundação Fernando Henrique Cardoso, Patrícia Kundrá.
Curiosidades
Com vários livros publicados, Fernando Henrique Cardoso criou, na cidade de São Paulo, o Instituto Fernando Henrique Cardoso, que apresenta às pessoas dados históricos do período em que o ex-presidente permaneceu no cargo.
Em 2013, Fernando Henrique tomou posse como acadêmico na Academia Brasileira de Letras e passou a ocupar a cadeira de nº36.
Por fim, em 2017, lançou uma série de livros chamados “Diários da Presidência” que contam detalhes sobre sua vida política e seu cargo como presidente da República.
Gostou da matéria? Confira também a política do Plano Real e suas consequências para a economia do Brasil.
Fontes: História do mundo, Toda matéria, Fundação Fernando Henrique Cardoso
Imagens: PSDB, Fundação FHC, Gazeta de Vargem Grande, Folha de São Paulo, Memorial da Democracia, Gazeta do povo