Existencialismo é um termo que carrega consigo uma notável complexidade. Embora alguns o caracterizem como uma doutrina ou um movimento, nenhuma das classificações engloba a essência existencialista em sua totalidade. Sendo assim, é comum que os filósofos o considerem um “clima de pensamento”.
Surgido na Europa do século XX, o Existencialismo foi majoritariamente impactado por pensadores franceses. Em suma, essa corrente filosófica tem como objeto de debate a existência metafísica e todas as questões contempladas por ela, principalmente a liberdade do ser.
Apesar de comumente associado à filosofia, o Existencialismo contou com ramificações na literatura e na teologia. Só para ilustrar, escritores como Franz Kafka e Fiódor Dostoiévski são considerados precursores de noções existencialistas, assim como o teólogo Paul Tillich.
Origem do Existencialismo
Surgido em um contexto pós-Segunda Guerra Mundial, o Existencialismo é uma consequência dos horrores provocados pelos conflitos bélicos que marcaram o século XX. Acontece que mesmo diante dos avanços alcançados durante o Iluminismo, a humanidade pareceu se perder na busca pelo progresso.
Sendo assim, em uma Paris destruída, foi onde essa corrente filosófica ganhou mais força. Apesar de ter sido utilizado pela primeira vez por volta dos anos 1930, o termo Existencialismo ganhou peso na filosofia quase na virada do século.
Embora Jean-Paul Sartre seja o principal nome dessa corrente, há quem diga que Søren Kierkegaard foi o primeiro pensador a colocar na experiência existencial do ser humano o lugar próprio da filosofia. Ademais, Friedrich Nietzsche e Martin Heidegger apresentaram importantes bases metodológicas e conceituais do Existencialismo.
Características do Existencialismo
Influenciado pela fenomenologia, na qual a existência precede a essência, o existencialismo é dividido em duas vertentes: ateu e cristão. Enquanto na primeira, a existência de uma natureza humana é negada; na segunda, a essência humana é um atributo de Deus.
Além disso, para os filósofos existencialistas, a essência humana é resultado das experiências adquiridas pelo indivíduo ao longo de sua vivência. Essa última, por sua vez, é consequência da liberdade incondicional de suas escolhas. Sendo assim, para o Existencialismo, o ser humano cria o sentido para sua própria existência.
Em contrapartida, visto que a vida não possui um sentido senão aquele que damos à ela, essa corrente tende a ser caracterizada pela angústia da autonomia. Ao passo que toda escolha implica em uma ou mais perdas e possibilidades, é comum que o indivíduo se sinta consternado quando adentra na filosofia existencial.
Ainda hoje o Existencialismo segue sendo uma corrente muito relevante, ainda mais levando em conta suas características.
Principais características:
- busca analisar o ser humano em sua totalidade;
- divide a análise do ser em aspectos internos (mente, cognição e sentimentos) e externos (corpo, comportamento e ações);
- não acredita em predeterminação, já que somos resultado das nossas ações;
- coloca em questão o propósito do ser humano no mundo;
- afirma a necessidade de assumir um lugar na dinâmica social sem se submeter aos valores dela, ser autêntico;
- acredita que o indivíduo é constantemente modificado pelas próprias escolhas;
- marcado por três palavras-chave: angústia, responsabilidade e liberdade.
Principais filósofos existencialistas
Assim como mencionado acima, Søren Kierkegaard é considerado o “pai do Existencialismo”. Visto que o teórico foi o primeiro a colocar o indivíduo como centro da reflexão filosófica, esse título é coerente. Ademais, Jean-Paul Sartre é um nome de destaque dessa corrente, e sua frase “a existência precede a essência” ficou mundialmente famosa.
Todavia, além desses nomes evidenciados, outros filósofos contribuíram para a difusão do Existencialismo. Como por exemplo:
- Martin Heidegger: afirmou que só o ser humano existe efetivamente, os demais seres e objetos apenas são;
- Gabriel Marcel: existencialista cristão que problematizou a ciência, dizendo que a mesma reduzia nosso pensamento a problemas e soluções;
- Simone de Beauvoir: importante nome no movimento feminista que pontuou que ninguém nasce mulher, torna-se mulher;
- Albert Camus: um dos principais nomes do Absurdismo, uma ramificação do Existencialismo;
- Maurice Merleau-Ponty: centrou sua filosofia na existência humana e no conhecimento;
- Karl Jaspers: existencialista cristão que defendeu que não há predeterminação.
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Fontes: Toda Matéria, Mundo Educação, InfoEscola.
Imagens: Dicta & Contradicta, Saúde Debate, Pinterest, Nota Terapia.