Escrita cuneiforme: o que é, quando surgiu e características

A escrita cuneiforme é o tipo mais antigo de escrita, criada pelos sumérios por volta de 3200 a.C. Confira algumas curiosidades sobre ela

escrita cuneiforme

escrita cuneiforme é uma das mais antigas do mundo, tendo surgido por volta de 3.500 a.C. Era feita com objetos em formato de cunha, daí o nome cuneiforme.

Criada pelos sumérios, essa escrita era usada, sobretudo, na contabilidade e administração, já que ela facilitava o registro de bens e transações comerciais. Mas, com o tempo, a escrita se popularizou, passou a ser usada em todos os estados da Mesopotâmia e foi adotada por outros povos.

A escrita era feita em argila. Quando os sumérios queriam que os escritos fossem permanentes, eles colocavam as tabuletas com os textos no forno. Por outro lado, se os registros não fossem tão importantes, as tabuletas não iam ao forno, e aí ocorria o reaproveitamento delas para outros registros.

O que é a escrita cuneiforme?

A palavra cuneiforme tem raízes no latim e ela deriva do vocábulo cuneus, que significa “canto”. Sendo assim, a escrita cuneiforme nada mais é do que a escrita em cantos, paredes e afins.

Os sumérios, povos que viviam no sul da Mesopotâmia, foram os inventores da escrita cuneiforme, isso significa que ela é uma das mais antigas formas de escrita da Antiguidade.

Para você ter uma ideia, os primeiros símbolos com traços totalmente retilíneos, ou seja, impressos com cunhas, são de 2900 a.C. Ao ser criada, existiam 900 símbolos que visavam refletir fisicamente os itens descritos.

No começo, apenas os sumérios conseguiam decifrar os sinais dessa escrita. No entanto, com o passar dos anos, a escrita mudou e, com isso, ela passou a ser usada por outros povos. Dessa forma, depois que a escrita se tornou mais simples, os povos da Mesopotâmia a adotaram como a principal forma de comunicação.

A escrita cuneiforme foi usada até o ano de 75 d.C. Com o decorrer do tempo, os símbolos passaram por alterações e diminuíram de número, sua forma também perdeu a semelhança com a realidade do que ela se referia e o seu uso mudou.

Ao ser criada, a escrita cuneiforme servia como uma forma de registro de informações importantes. Portanto, ela era usada, sobretudo, no comércio. Apesar disso, ela servia também para narrar as aventuras dos soberanos, bem como assinar tratados políticos, em textos científicos e para compilar vocabulários.

Usos da escrita cuneiforme

Após vários povos da Antiguidade aderirem à escrita cuneiforme, algumas mudanças a tornaram única para cada estado. Ou seja, denominaram a escrita, antes assíria, como babilônica. Dessa forma, vários foram os registros feitos pelos povos da Mesopotâmia, que deixaram registrados momentos importantes da época.

Por ser muito complexa de se entender, a escrita cuneiforme não era do conhecimento de todos os habitantes dos estados. Apenas em meados do século XX encontraram registros dessa escrita e, com isso, os estudos sobre a complexidade desse tipo de comunicação puderam ser feitos.

Para que os símbolos da escrita pudessem ser decodificados, os estudiosos deveriam ter conhecimentos em línguas como o Hebreu e o Hebraico. Com o auxílio dos dois vocabulários, poderiam encontrar significados parecidos para os registros dos tabuletas cuneiformes.

O fim do uso da escrita cuneiforme está relacionada com a língua acadiana, que foi a última civilização a usar essa escrita. Em resumo, houve a expansão da língua aramaica e o seu uso em um novo sistema de escrita, o alfabeto, que usava tinta e precisava de um suporte mais liso do que as tabuinhas.

O retrocesso do acadiano e da escrita cuneiforme teve início na época persa (539-331 a.C.), quando o aramaico, que se tornou a língua oficial, passou a ser a língua mais falada entre a população.

Nesse cenário, o uso da língua acadiana ficou limitada à elite sacerdotal dos principais templos e a escrita cuneiforme foi assimilada pelos eruditos das ciências, sobretudo da astronomia e astrologia.

Origem da escrita cuneiforme

A escrita cuneiforme surgiu no final do quarto milênio antes de Cristo, na Mesopotâmia. Seu surgimento está ligado com o aparecimento das primeiras civilizações na Mesopotâmia, de acordo com as seguintes etapas:

1- Primeira fase

A fase inicial (8000-3500 a.C.) remete ao início do Neolítico. Na época, usava-se pequenas peças de argila ou pedra para controlar as quantidades de cereal ou gado. Sendo que cada pedra tinha o nome de token, logo, cada token era uma quantidade.

2- Segunda fase

Nessa segunda etapa (3500-3400 a.C.), os tokens eram colocados dentro de invólucros ovais de argila (bulla), e em sua superfície muitas vezes apareciam as impressões dos tokens que estavam ali dentro.

3- Terceira fase

Na terceira fase (3400-3300 a.C.), percebeu-se que não era preciso colocar os token no interior do bullae, pois eles já apareciam impressos no exterior. Foi nessa época que surgiram as primeiras tabuinhas de barro, com impressões de token ou com símbolos que os imitavam.

4- Última fase

Por fim, na última etapa (3300-3200 a.C.) surgiram as tabuinhas com números e símbolos que representam produtos. No entanto, essa tabuinhas foram encontradas apenas em Uruk (no Iraque) e na região de Susa (no Irã).

Até o ano de 3300 a.C., mais ou menos, cada token indicava uma certa quantidade de bens. Por exemplo, se um token oval servia para representar um jarro de azeite, então dois tokens ovais serviam para representar dois jarros e assim por diante.

Contudo, não se sabe se de uma comunidade para outra um símbolo tinha o mesmo conceito ou se variava. Finalmente, em 3300 a.C., surgiram os antecedentes dos primeiros textos cuneiformes, que são as tabuinhas onde se podem ver números e outros símbolos que simbolizam o produto contado.

Características da escrita cuneiforme

O nome escrita cuneiforme representava a escrita em forma de cunha sinais. Sendo que existiam mais de 2000 sinais cuneiformes gravados em tábulas de argila.

Os sinais representavam uma espécie de pictogramas e eram postos de forma vertical. Com o passar dos anos, os pictogramas mais difíceis de decifrar foram dando forma a conjuntos de sinais fonéticos.

Os sinais tinham sons silábicos e começaram a ser escritos na horizontal. Além disso, eram escritos da esquerda para a direita, assim como fazemos nos dia de hoje.

A principal característica da escrita cuneiforme estava em transmitir uma mensagem. Contudo, com o passar do tempo, ela começou a ser usada para fazer registros importantes da época. Dessa forma, ela era muito útil na administração dos estados.

Além disso, era comum que receitas, vocabulários, hinos, rezas, textos sobre Matemática, Astronomia e Medicina fossem escritos por meio da escrita cuneiforme. Por fim, essa escrita atravessou várias culturas e diferentes povos sendo usada por quinze línguas.

Curiosidades sobre a escrita cuneiforme

  • Os primeiros registros da escrita cuneiforme foram encontrados em 1929, pelo arqueólogo alemão Julius Jordan. No entanto, continuaram a ser um mistério até a arqueóloga francesa Denise Schmandt-Besserat descobrir o que parte dos sinais significavam;
  • Para que a escrita cuneiforme fosse decodificada, o estudo sobre a cultura das antigas civilizações foi essencial;
  • Aliás, isso só foi possível graças à técnica Tagmênica, proposta na década de 1940 por Kenneth Pike com a finalidade de estudar as línguas ameríndias. De acordo com a mesma, todas as línguas, até mesmo aquelas não conhecidas, têm características universais e uma estrutura parecida;
  • Os documentos mais antigos que remetem à escrita datam 3.200 a.C. e trata-se de tabletes de argila com escrita cuneiforme. Eles foram vistos na cidade de Uruk, ao sul da Mesopotâmia;
  • Apesar de prestigiada, essa escrita nunca foi popular. Isso porque ela se restringiu à classe dos Escribas do Oriente Antigo;
  • Por fim, a paleografia é a ciência destinada a estudar as escritas antigas, os símbolos e significados.

 

Fontes: Info Escola; National geographic; Portal São Francisco; Estudo Prático; e, por fim; BBC.

Bibliografia

  • O QUE DIZ O PRIMEIRO DOCUMENTO ESCRITO DA HISTÓRIA. [S.L]; 8 maio 2017.
  • LINS, Lívia Carvalho Teixeira. Deciframento, decodificação e Tradutore – a escrita e sua compreensão. Revista Educação Pública. v. 19. nº 3. 5 de fevereiro de 2019.
  • POZZER, K. M. P. (1999). Escritas e escribas: o cuneiforme no antigo Oriente Próximo. Clássica – Revista Brasileira De Estudos Clássicos. 11(11/12). 61–80.
  • VIGGIANO, Giuliana. Conheça os primeiros escritos da história e descubra seu significado. Revista Galileu; [S.L]. 12 maio 2017.

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