O conflito entre Israel e o Hamas perdura desde a criação da organização islâmica sunita, em 1987, cuja tensão já existia desde muito antes, remontando à fundação do estado judaico, em 1948.
Ao longo das últimas três décadas, dezenas de conflitos de pequena e larga escala ocorreram entre os dois lados, com períodos de cessar-fogo que garantiram relativa paz na região por alguns anos.
No entanto, desde o início do mês de maio, confrontos entre as forças militares de Israel e as milícias do Hamas deixaram centenas de mortos, a maioria do lado palestino.
Uma série de bombardeios israelenses na Faixa de Gaza e foguetes lançados por movimentos armados da Palestina causaram um rastro de destruição em massa que não se via desde 2014.
Causa dos conflitos
A princípio, a nova onda do conflito entre Israel e Hamas começou em Jerusalém Oriental, parte palestina da cidade ocupada.
Milhares de fiéis se reuniram na Esplanada das Mesquitas para a última grande oração antes do fim do Ramadã. Trata-se do nono mês do calendário islâmico na qual os muçulmanos praticam seu jejum ritual.
Três dias depois, os palestinos protestaram contra a proibição de acesso à Cidade Velha, que abriga lugares sagrados. Entre eles, podemos citar o Muro das Lamentações, o Santuário islâmico Domo da Rocha e a Basílica do Santo Sepulcro.
A proibição foi promulgada para que os israelenses comemorassem o ‘Dia de Jerusalém’, um feriado nacional que celebra a ocupação do território palestino por Israel em 1967, após a Guerra dos Seis Dias.
O fluxo intenso de palestinos e israelenses no mesmo espaço veio em um momento delicado, pois o ‘Dia de Jerusalém’ e o fim do Ramadã coincidiram na mesma semana.
Local sagrado
A Esplanada das Mesquitas é o terceiro local mais sagrado do Islã. Para os judeus, é chamado ‘Monte dos Templos’, seu local mais sagrado.
Assim, uma onda de tensão generalizada se espalhou entre as multidões, intensificando tumultos dos dois lados.
Para piorar, uma manifestação de apoio a seis famílias palestinas, ameaçadas de expulsão do território israelense, estava ocorrendo naquela data.
Como resultado, a polícia israelense reprimiu duramente os manifestantes, sobretudo aqueles que professam a fé islâmica.
Os primeiros confrontos na Esplanada deixaram pelo menos 530 pessoas feridas, a grande maioria palestinos.
Dias depois, militantes do Hamas começaram a lançar foguetes contra o solo israelense, motivando o Exército judeu a reagir.
A escalada de violência e caos explicita uma ferida aberta há décadas entre Israel e Palestina: a questão do status de Jerusalém.
Os israelenses consideram a cidade inteira como sua capital “indivisível”. Enquanto isso, os palestinos querem fazer de Jerusalém Oriental a capital de seu futuro estado.
Riscos de uma guerra em larga escala
O mundo assiste vigilante e em estado de alerta ao confronto histórico e pede cautela para ambos os lados. Desde 2014, os ataques aéreos israelenses são os mais intensos, ocorridos na ‘Guerra de Gaza’.
Ao mesmo tempo, os bombardeios patrocinados pelo Hamas são os mais numerosos que se tem notícia.
Em meio ao acirramento de ânimos, um enviado especial da ONU ao Oriente Médio afirmou que Israel e Hamas – não necessariamente a Palestina, – se encaminham para uma ‘guerra em grande escala’.
Para que isso não ocorra, os principais líderes mundiais, incluindo aqui os presidentes da Rússia e da Turquia, pediram o cessar-fogo dos combatentes e uma posição firme da comunidade internacional, que imponha pressão sobre o estado judeu e as milícias palestinas.
De todo modo, entre os dias 6 de maio e 18 de maio de 2021, 246 pessoas morreram, incluindo aqui 61 crianças e bebês com menos de um ano de vida.
Diplomacia de Israel e Palestina
China, Noruega e Tunísia solicitaram uma reunião pública do Conselho de Segurança das Nações Unidas no dia 14 de maio, enquanto os Estados Unidos se opuseram.
O Conselho se reuniu em particular duas vezes, mas não conseguiu chegar a um acordo sobre uma declaração sobre as objeções dos Estados Unidos.
No dia 12 de maio, foi anunciado que Hady Amr, vice-secretário adjunto dos Estados Unidos para Assuntos Israelense-Palestinos, Imprensa e Diplomacia Pública, seria enviado à região “imediatamente”.
Tentativa de cessar-fogo entre Israel e Palestina
A princípio, os esforços de trégua incentivados pelo Egito, Qatar e as Nações Unidas até agora não ofereceram nenhum sinal de progresso.
No dia 13 de maio, o Hamas fez uma proposta de cessar-fogo, declarando que estava preparado para interromper os ataques “mutuamente”.
Netanyahu, o primeiro-ministro israelense, informou a seu gabinete que Israel rejeitaria a abertura.
Um dia depois, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou ao cessar-fogo imediato. Ele alegou ” respeito ao espírito do Eid”, fazendo referência ao Eid al-Fitr, uma festa islâmica que marca o fim do mês sagrado do Ramadã.
O vice-secretário adjunto dos Estados Unidos para Assuntos Israelense-Palestinos Hady Amr chegou a Tel Aviv, capital de Israel, para discutir como conseguir uma “calma sustentável” antes da reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas em 16 de maio.
Neste dia, o presidente dos EUA, Joe Biden, telefonou para o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o presidente Mahmoud Abbas.
Veto no Conselho de Segurança
Após a terceira reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas em uma semana, os Estados Unidos usaram seu poder de veto para bloquear uma declaração redigida pela China, Noruega e Tunísia e apoiada pelos outros 14 membros do conselho.
A princípio, a declaração apelava para o fim imediato das hostilidades e condenou tanto Israel como o Hamas pela violência.
Na visão dos americanos, a organização de extrema-direita Hamas é a grande culpada pela escalada de violência.
Reações de Israel e Palestina
No dia 9 de maio de 2021, a Suprema Corte israelense atrasou a decisão esperada sobre os despejos de seis famílias palestinas em solo israelense por 30 dias, após uma intervenção do procurador-geral de Israel, Avichai Mandelblit.
Analogamente, a polícia de Israel também proibiu os judeus de irem à praça de al-Aqsa para as festividades do Dia de Jerusalém.
Em 10 de maio, Israel fechou a passagem da fronteira de Kerem Shalom, inclusive para ajuda humanitária. Devido ao lançamento de foguetes do Hamas em 11 de maio, a autoridade de Aeroportos de Israel suspendeu as viagens aéreas.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu defendeu as ações da polícia israelense. Disse que Israel “não permitirá que nenhum elemento radical abale a calma do povo”.
Em suma, autoridades israelenses pediram à administração norte-americana para não intervir na situação.
Em 10 de maio de 2021, Mahmoud Abbas, o presidente da Autoridade Palestina, emitiu uma declaração estatal. Nela, dizia que “a violenta invasão e assalto aos fiéis na abençoada mesquita de al-Aqsa e seus pátios é um novo desafio para a comunidade internacional”.
O Domo de Ferro de Israel
Enquanto o conflito entre Israel e Hamas não arrefece, ambos os lados investem em tecnologias e armamentos, sobretudo o estado de maioria judia.
Em síntese, Israel construiu um poderoso escudo anti-mísseis capaz de proteger seus cidadãos dos foguetes lançados por combatentes do Hamas. O escudo recebeu o nome de ‘Domo de Ferro’.
Analogamente, entre os dias 10 e 18 de maio de 2021, o Hamas lançou mais de 1.000 mísseis contra Israel. Destes, 90% foram interceptados pelo sistema de neutralização de bombardeios, intensificando o conflito entre Israel e Hamas.
Ademais, inúmeros vídeos, imagens e depoimentos atestam a capacidade do escudo, demonstrando como ele destrói mísseis, morteiros e demais artefatos explosivos em pleno ar, impedindo que caiam em áreas civis.
No entanto, o sistema de defesa é limitado e falível: especialistas da indústria bélica alertam que outras milícias com maior poder de fogo podem botar à prova sua eficácia.
Como o Domo de Ferro de Israel funciona?
Em suma, o Domo (ou Cúpula) de Ferro é parte integrante de um sistema de defesa área israelense. Ele protege o país de mísseis balísticos, mísseis de cruzeiro, foguetes e outras ameaças.
Primordialmente, foi desenvolvido em 2006, em plena guerra entre Israel e o Hezbollah, pela companhia ‘Rafael Advanced Defense System LTD’, uma empresa controlada pelo governo judeu que constrói sistemas de defesa aérea, marítima e terrestre.
Por fim, sistema por completo é eficaz em mais de 90% dos casos, graças a suas baterias de mísseis interceptores, radares e sistemas de comando automatizado, que protegem áreas urbanas inteiras.
Então, o que achou da matéria sobre o conflito entre Israel e Hamas? Se gostou, confira também: Hiroshima e Nagasaki – Bombas atômicas, causas e destruição
Fontes: BBC News, Diário do Nordeste, Gazeta do Povo
Imagens: Todo Estudo, Vox, BBC News, NY Post, BBC US, Agência Brasil e Época