O Tratado de Petrópolis foi um contrato assinado pelo Brasil e Bolívia pelo território do Acre. O acordo se deu na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro, e foi uma vitória da diplomacia dos dois países.
A região era território boliviano, só que foi sendo ocupado em massa por brasileiros que ali se fixaram. Foi o tempo do auge do Ciclo da Borracha e as matas de seringais da região interessavam os investidores.
Para evitar que a Bolívia tomasse posse da região, o Governo do Amazonas chegou a mandar homens armados. Ali se proclamou por três vezes a independência do Acre e se instituiu uma república, que entretanto não deu certo.
Contexto Histórico
O território que hoje é o Estado do Acre compunha o Estado da Bolívia desde o ano de 1750. Ocorre que o local era de difícil acesso pelos bolivianos e ficou despovoado. Só que a região tinha muitos seringais, que se tornaram valiosos no Ciclo da Borracha. Por essa razão, em 1879 os seringueiros brasileiros se mudaram para lá e começaram a exploração do látex.
A Bolívia obviamente não gostou nada disso e protestou junto ao Brasil. Para evitar maiores problemas, o Governo Brasileiro se pronunciou oficialmente declarando que ali era território boliviano.
Preocupado com sua soberania sobre a região, o Exército Boliviano para lá se dirigiu com missão de conquista. Só que a quantidade de brasileiros que lá estavam surpreendeu os invasores, que foram recebidos com tiros.
Eram aproximadamente 60 mil seringueiros dispostos a tudo. Houve uma revolta armada em que se envolveu inclusive o Estado do Amazonas, forçando uma retirada dos bolivianos.
As duas repúblicas do Acre
O Governo do Amazonas tinha interesse que os brasileiros ficassem no Acre. Grande era a demanda pela borracha no mundo e os seringais dali faziam a diferença na produção. Então era preciso impedir que aquelas matas fossem dominados pelos bolivianos, tendo assim nascido um plano ousado.
Ramalho Júnior, então Governador do Amazonas, criou uma tropa de mercenários e assim proclamou a república do Acre. Era o dia 14 de julho de 1899, sendo batizado de Porto Acre. O Governo do Brasil se apressou em confirmar que o local pertencia à Bolívia. E para lá enviou soldados que puseram fim à república do Acre, em 15 de março de 1900.
Um outro destacamento do exército boliviano foi enviado ao local, entretanto novamente ocorreram conflitos. A população local, toda de brasileiros, se recusava a deixar as terras que cultivavam. Então o Governador do Amazonas, Silvério Neri, enviou a Expedição dos Poetas, que bateu os invasores.
Foi fundada então a Segunda República do Acre, no final de 1900, só que desta vez a Bolívia contra-atacou. Em um mês ataques bolivianos conseguiram recuperar a região.
Ressurgem os conflitos no Acre
Passados dois anos, quando a calma parecia instalada, o Governador do Amazonas decide por nova investida. E em 6 de agosto de 1902, enviou Plácido de Castro para fazer a Revolução Acriana. Foi uma grande ofensiva que tomou posse geral e implantou a Terceira República do Acre.
Só que agora o conflito havia ganho uma particularidade, que foi o apoio do Governo Brasileiro. Era Presidente do Brasil, Rodrigues Alves, tendo o Barão do Rio Branco como Ministro do Exterior.
A Bolívia então começou a mobilizar suas tropas para retomar o território perdido, levando o Brasil a se antecipar. O Barão do Rio Branco agiu no campo diplomático e apresentou um acordo entres as partes. Nascia aí o Tratado de Petrópolis.
O Tratado de Petrópolis
O Tratado de Petrópolis foi assinado no dia 17 de novembro de 1903 na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro. Chegou-se à concordância de uma troca de territórios entre o Brasil e a Bolívia. Em troca do Acre, seria cedido parte do Mato Grosso entre os rios Abunã e Madeira.
Constou também no Tratado de Petrópolis que os bolivianos receberiam a quantia de 2 milhões de libras esterlinas. É que eles haviam assinado um contrato de arrendamento com os Estados Unidos e precisavam pagar a multa rescisória.
Também deu à Bolívia uma saída para o mar, podendo navegar pelos rios brasileiros até chegar ao Oceano Atlântico. Por fim, seria construída pelo Brasil a famosa Ferrovia Madeira Mamoré, beneficiando os dois países.
Você sabia?
A Ferrovia Madeira Mamoré, que foi construída entre 1907 a 1912, matou 10 mil trabalhadores com doenças.
A cidade de Rio Branco leva esse nome em homenagem ao barão que lutou para efetivar o Tratado de Petrópolis.
E se você curtir ler sobre o Tratado de Petrópolis, não pode deixar de ler também uma matéria interessante sobre o que foi o Congresso do Panamá e qual o seu contexto histórico.
Fonte: Infopédia, Wikipédia, Toda Matéria, Info Escola, Funag, Enem Virtual, Estudo Prático, Redes, História Net, História do Brasil, A Gazeta do Acre, Agência.
Fonte das imagens: Museu Ferroviário, Alex Palitot, Cipriano Barata, Wikipédia.