Sempre que o tópico em questão é a Reforma Protestante, dois nomes se destacam: Martinho Lutero e João Calvino. Todavia, é importante ressaltar que esse movimento reformista contou com diversas fases e líderes. Sendo assim, alguns nomes importantes nos bastidores acabam caindo no esquecimento, como Thomas Müntzer.
Considerado um dos primeiros teólogos alemães da época da Reforma, Müntzer foi um crítico radical da nobreza. Além disso, o religioso era um adepto do denominado cristianismo primitivo e defendia os princípios de igualdade, solidariedade, humildade e divisão de bens.
Como um dos principais líderes da Guerra dos Camponeses, Thomas Müntzer participou daquela que foi considerada a maior revolta popular europeia, perdendo o posto apenas para a Revolução Francesa. No fim das contas, apesar de ter sido discípulo de Lutero, Müntzer se voltou contra ele por questões ideológicas.
A vida de Thomas Müntzer
De acordo com registros históricos, Thomas Müntzer teria nascido em 1488 ou 1489. Embora não se saiba muitos detalhes sobre sua vida e família, é certo que o mesmo nasceu em um pequena vila alemã. Em seguida, após mudar-se para a cidade, o religioso passou a estudar e dominar idiomas como grego, hebraico e latim.
Ao longo de seus estudos teológicos, Müntzer acabou se familiarizando com a doutrina luterana que estava começando a ganhar força. Entretanto, visto que Lutero era um defensor da nobreza alemã que o acolheu após sua perseguição pela Igreja Católica, Thomas Müntzer acabou se afastando do luteranismo.
Da mesma forma que criticava a propriedade privada dos nobres feudais, Müntzer se opunha à riqueza da Igreja Católica. Para ele, a essência do cristianismo estava na humildade e ação de graças. Assim, não demorou para que o religioso se tornasse adepto do milenarismo e crítico radical da elite.
Dessa forma, as ideias de Müntzer resultaram em um cristianismo socialmente militante. Unindo religião e política, o teólogo lutou pela desestruturação do feudalismo na Europa ocidental. Curiosamente, essa postura radical de Müntzer se tornou ainda mais evidente após seu contato com os anabatistas.
Ideais revolucionários e a briga com Lutero
Embora almejasse uma sociedade justa e igualitária, Thomas Müntzer acreditava que esse estado não seria alcançado apenas com palavras. Logo, ele era um defensor do uso de força e armas para tal. Assim, o estado perfeito da humanidade seria aquele sem propriedade privada e instituições estatais, governado por Deus e o Espírito Santo.
Visto que tais ideais divergiam daqueles pregados pela Igreja Católica, Müntzer se encontrou nos anabatistas. Assim, junto aos demais grupos camponeses revoltosos, Thomas Müntzer entrou em guerra contra a nobreza, tornando-se uma das principais figuras na luta de classes alemã.
Foi nesse período que Martinho Lutero condenou os posicionamentos de Müntzer. Em contrapartida, o último chegou a chamar Lutero de “Doutor Mentiroso” por se apoiar na nobreza após criticar as ações corruptas do clero.
Müntzer e a Guerra dos Camponeses
Também chamada de Guerra Social Alemã, a Guerra dos Camponeses reunia pessoas exigindo abolição da escravidão, liberdade de escolha, supressão dos dízimos e afins. Apesar de seu ideal dito libertador, o luteranismo não extinguiu nenhum desses problemas, então os anabatistas entraram em campo.
Assim, entre 1523 e 1525, Thomas Müntzer liderou multidões de camponeses revoltados contra seus senhores. Como resultado disso, o teólogo se tornou uma das figuras mais polêmicas e controversas da história alemã. Levando em conta seus ideais rebeldes, muitos historiadores o tem como o primeiro revolucionário moderno.
A morte de Thomas Müntzer
Embora viesse sendo perseguido pela nobreza desde 1524, chegando a se refugiar na Floresta Negra, no sul da Alemanha, o líder revolucionário só foi preso no ano seguinte. Em 1525, durante a Batalha de Frankenhausen, Thomas Müntzer foi derrotado e capturado. Em seguida, ele foi condenado em Mulhausen, na Turíngia.
No fim das contas, apesar da comoção e do grande engajamento social, o movimento camponês não vigorou. Assim, as forças repressoras da nobreza alemã acabaram se sobrepondo à revolta. Dentre as 100 mil pessoas que morreram durante ou devido aos conflitos estava Thomas Müntzer que foi capturado e decapitado em 1525.
E então, o que achou dessa matéria? Se gostou, confira também: O que foi a Reforma Protestante? Origem do movimento e consequências.
Fontes: Mundo Educação, Infopédia, Prepara Enem.
Imagens: Plantão Teológico, Novos Diálogos, Cristianismo Libertário, Mundo Educação, Counterfire.