O anarquismo é um sistema político, filosófico e ideológico que prega a ausência de governo, do Estado e da autoridade por ele imposta. Os anarquistas defendem uma sociedade baseada na liberdade total, porém responsável. No entanto, como o comunismo, nasceu da crítica ao capitalismo e à propriedade privada.
O termo tem origem grega (ánarkhos), que quer dizer “sem governo” e “sem poder”.
O anarquismo é contrário à existência de governo, polícia, casamento, escola tradicional e qualquer tipo de instituição que envolva relação de autoridade. Isso não quer dizer, obviamente, que as pessoas vivam em orgias coletivas, que ninguém tenha sua casa ou que as crianças não estudem.
A filosofia por trás do conceito estabelece que ninguém precisa de um Estado que lhe diga que é casado, que aquela casa é de sua propriedade ou que seu filho tenha que aprender isso ou aquilo. Defendem também o fim do sistema capitalista, da propriedade privada e do Estado.
Os anarquistas querem uma sociedade baseada na liberdade dos indivíduos, solidariedade (apoio mútuo), coexistência harmoniosa, propriedade coletiva, autodisciplina, responsabilidade (individual e coletiva) e forma de governo baseada na autogestão. Vale lembrar, que para os anarquistas exitem duas formas de dominação: Poder de decisão e coerção física.
Nos dias atuais o termo ganhou simbologia negativa e equivocada. É muitas vezes associado à desordem ou à ausência de regras. E anarquismo não é sinônimo de caos.
O anarquismo na história
O movimento anarquista surgiu na metade do século XIX. Ele tem vários idealizadores. Grande colaborador foi o teórico Pierre-Joseph Proudhon, que escreveu a obra “Que é a propriedade?” (1840). Outro importante precursor do anarquismo foi o filósofo e revolucionário russo Mikhail Bakunin.
E não podemos esquecer também o filósofo e político inglês William Godwin (1756-1836). Eles idealizaram um novo sistema político e econômico distinto do capitalista. Vale lembrar que o capitalismo imperava soberano desde a Revolução Industrial.
De acordo com a teoria, a sociedade pode existir sem as leis e restrições de um governo. É possível chegar ao equilíbrio por meio da liberdade dos indivíduos. É o estado da sociedade ideal.
Haverá o fim das propriedades privadas e da divisão de classes sociais. Deixariam de existir o Estado e as instituições em geral. A gestão da sociedade se daria pela ausência de autoritarismo, opressão e dominação.
As ideias de William Godwin foram seguidas por outros teóricos. Entre eles estão: Max Stirner (1806-1856), Joseph Proudhon (1809-1865), Leon Tolstoi (1828-1910) e Mikhail Bakunin (1814-1876).
Existem dois tipos de anarquismo: o insurrecionário e o anarquismo social. O primeiro enfatiza a propaganda pelo ato social para despertar a revolta expontânea. Por outro lado, o segundo defende que apenas os movimentos de massa podem trazer a transformação social.
São características do anarquismo:
- Liberdade e autonomia dos indivíduos
- Propriedade coletiva
- Autogestão (forma de governo)
- Autodisciplina e responsabilidade
- Educação libertária
- Harmonia e solidariedade
- Anarquismo no Brasil
O anarquismo no Brasil
Os ideais anarquistas chegaram ao Brasil no final do século XIX. Foram trazidas pelos imigrantes europeus que iniciaram os movimentos sociais, como as greves de operários de São Paulo e Rio de Janeiro.
A principal experiência brasileira é a Colônia Cecília dirigida entre 1890 e 1893 por imigrantes italianos, em terras doadas pelo imperador dom Pedro II, no município de Palmeira (PR). Durante grande parte da República Velha, a ideologia predomina no movimento operário, principalmente em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul.
Os partidários defendem a organização sindical autônoma, a extinção do Estado, da Igreja e da propriedade privada. Também são contrários a qualquer atuação político-partidária. Eles divulgam suas ideias por meio de jornais, revistas, livros e panfletos.
Em 1906 é organizado o Congresso Operário, no Rio de Janeiro, que define práticas de ação anarquista. Entre 1909 e 1919 são criadas escolas para trabalhadores nos moldes da doutrina.
As federações anarquistas comandam as grandes greves de 1917 (São Paulo), 1918 (Rio de Janeiro) e 1919 (São Paulo e Rio de Janeiro). Entre os principais militantes destacam-se Edgard Leuenroth, José Oiticica e Neno Vasco. Em 1919 é instituído o Partido Comunista Anarquista.
Com a fundação do Partido Comunista, em 1922, o anarquismo perde força, principalmente no movimento operário.
Diferença entre anarquismo e comunismo ou socialismo
O anarquismo e o comunismo são sistemas completamente diferentes. O anarquismo prega ausência do Estado e de qualquer ordem hierárquica. Além disso defende as organizações libertárias.
Já o comunismo é um sistema econômico, com ausência de classes e da propriedade comum. O comunismo propõe uma forma de governo. No anarquismo, a ausência do governo é absoluta. No entanto, essas duas ideologias criticam a propriedade privada do poder burgues.
Em relação ao socialismo, vale lembrar que o anarquismo é uma corrente sua. As demais são o reformismo e o marxismo. Entre as características do socialismo estão a igualdade de oportunidades e a extinção da propriedade privada.
O anarquismo também influenciou o feminismo, representado por Emma Goldman que lutou contra as regras moralistas e de costumes, que ditavam o comportamneto da mulher em relação ao casamento e ao trabalho.
Outras ideologias:
- Anarcocapitalismo: defende a propriedade privada e a ausência do estado
- Fascismo: Defende a propriedae privada e o estado extremamente forte controlando até a vida particular
Achou interessante conhecer essa filosofia? Muito doido né? Então você gostará de ler também sobre a diferença dos conceitos de direita e esquerda na política.
Fonte: Toda Matéria, Sua Pesquisa, Anarquista.