Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga, mais conhecida como Maria II de Portugal, tem um nome extenso, assumiu o trono de Portugal aos 7 anos de idade, casou-se por três vezes e gerou onze filhos.
De forma geral, seu reinado foi um dos mais conturbados da história, além de ter levado um golpe de seu noivo. Nesse sentido, Maria II de Portugal era refém de uma sociedade machista e autoritária, até porque, viveu a sua vida tentando se encaixar nos padrões de comportamento da realeza.
Dessa forma, vamos conhecer um pouco mais sobre a vida de Maria II de Portugal. De fato, sua vida, reinado e casamentos, em sua maioria, foram dedicados aos interesses da coroa, e não dela própria.
Quem foi Maria II de Portugal?
Maria II de Portugal nasceu no Rio de Janeiro, no dia 4 de abril de 1819. Filha do Imperador D. Pedro I e Maria Leopoldina de Áustria, ela tinha apenas 2 anos e meio quando o grito da independência do Brasil foi ecoado nas margens do rio Ipiranga, em 1822.
Até os 7 anos de idade, Maria II de Portugal teve uma vida tranquila, desfrutando da infância e do amor da família. A partir disso, enfrentou a morte repentina da mãe, tendo o pai como alicerce.
Nesse meio tempo, seu avô, D. Pedro VI, morreu em Portugal, passando a coroa para o filho D. Pedro I, que precisou escolher entre ser imperador do Brasil ou rei de Portugal.
D. Pedro I escolheu o Brasil, abdicando do trono de Portugal. Dessa forma, a filha Maria II de Portugal assumiu a coroa portuguesa com apenas com 7 anos de idade. No entanto, ela percebeu que sua vida mudaria drasticamente, pois deixaria de ser uma menina para se tornar uma rainha.
Reinado de Maria II de Portugal
Dom Pedro cedeu o trono para a filha com duas condições. A primeira foi que Maria II de Portugal deveria se casar com o tio D. Miguel, quando fosse maior de idade.
Já a segunda condição era que o seu pretendente jurasse à Carta Constitucional. Ainda aos 7 anos, a nova rainha viajou para Viena, a fim de ser educada pela Corte.
Enquanto Maria II de Portugal estava fora, o futuro marido, D. Miguel, se autoproclamou rei absoluto. Dessa forma, rejeitou o noivado com a sucessora do trono e consumou o golpe.
Por certo, Dom Pedro agiu em defesa da filha e conseguiu recuperar o trono, em 1833, quando Maria II de Portugal tinha 15 anos, mesma época em que o pai faleceu.
Como resultado, ela foi proclamada rainha de Portugal e, consequentemente, D. Miguel foi exilado, sendo proibido de retornar ao país. Antes disso, o golpista teve de assinar a Convenção Évora-Monte, que deu fim a Guerra Civil.
Por conseguinte, o governo da rainha foi considerado turbulento, já que passou pelas lutas liberais e absolutistas, como também a Guerra Civil, a Revolução de Setembro, a Belenzada, a Revolta dos Marechais, a Revolta da Maria da Fonte e a Patuleia.
Casamentos e filhos
A princípio, Maria II de Portugal casou-se com seu tio, o infante Miguel, por procuração, em 29 de outubro de 1826.
No entanto, o homem tomou o trono de sua noiva, assim, o casamento foi declarado nulo em 1 de dezembro de 1934, quando Maria completou 15 anos e recuperou a sua coroa.
No mesmo dia, Maria II de Portugal casou-se com o príncipe Augusto Carlos Eugénio Napoleão de Beauharnais. Infelizmente, ele morreu dois meses depois.
Por último, casou-se com o príncipe Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, em 9 de Abril de 1836. Este foi o seu grande amor e, por sinal, foi uma luz em meio à escuridão na vida da rainha. Além disso, dizem que foi o momento onde ela realmente foi feliz no casamento.
Por conseguinte, teve onze filhos, sendo os mais velhos, Dom Pedro V e Dom Luís I, reis de Portugal, nesta ordem.
Os demais filhos foram D. João, D. Maria Ana, D. Antónia, D. Fernando e D. Augusto. Todavia, quatro de seus filhos morreram no nascimento, sendo eles: D. Maria, D Leopoldo, D Maria e D. Eugénio, visto que Maria II de Portugal teve muitos partos de risco, inclusive o último acarretou em sua morte.
Morte da Rainha
A rainha Maria II de Portugal morreu no dia 15 de novembro de 1853, no Paço das Necessidades, com apenas 34 anos de idade.
Infelizmente, não resistiu ao último parto de risco, mas sempre dizia: “Se morrer, morro no meu posto”. O tumulo onde a rainha foi enterrada fica localizado no Panteão Real da Dinastia de Brangança, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa.
Por fim, o viúvo, Fernando, assumiu o trono até o filho mais velho, Dom Pedro V, atingir a maioridade e se tornar rei de Portugal.
Mais tarde, ao tomar posse da coroa antecedida por sua mãe, Maria II de Portugal, disse a seguinte frase:
“Minha Mãe, que aprendeu na escola da desgraça, que tinha os instintos muito superiores à sua espécie, conseguiu de nós o que há séculos não via a Casa de Bragança, que os irmãos vivessem unidos.”
Curiosidades
- Paixão pelo teatro: a rainha amava peças teatrais, visto que foi construído um edifício de artes em seu nome, o teatro D. Maria II, as obras ocorreram entre 1842 e 1846;
- Educadora: Maria II de Portugal ensinava com maestria, era considerada uma excelente educadora. Dessa forma, mantinha a disciplina dos seus filhos com pulso firme, mas também com compreensão e amor;
- Tirana: Durante o seu reinado, ganhou o apelido de Tirana, já que se tornou uma mulher forte que não abaixava cabeça para quem a enfrentasse;
- Parideira: O pensamento de Maria é que ela tinha a função de gerar herdeiros, assim, engravidou por onze vezes, mas teve diversas gestações de risco. De fato, a sua morte veio da insistência de continuar arriscando sua vida;
- Vida sexual: Os historiadores afirmam que a rainha tinha uma vida sexual bastante ativa. O motivo seria que ela não queria deixar espaço para possíveis traições por parte de seu marido, o príncipe Fernando.
O que achou dessa matéria? Se gostou, confira também: Maria Leopoldina de Áustria – História de vida da 1ª imperatriz do Brasil