Luís Vaz de Camões (1524/25 – 1580) é considerado o maior poeta renascentista português e a mais expressiva voz da língua lusófona. É também considerado o representante mais marcante do classicismo português. No entanto, para termos a compreensão exata sobre seu valor, é importante saber de suas inovações e transgressões em relação à técnica literária renascentista.
Neste sentido, Camões é considerado o divisor entre a época arcaica e moderna no movimento renascentista. O autor seguiu os moldes da arte literária renascentista, mas nos lusíadas ele propôs uma inovação de grande expressão. Além disso, Camões aprimorou a técnica formal da poesia renascentista, compondo os versos em Cânone.
Sendo assim, Luís Vaz de Camões foi considerado um poeta à frente de seu tempo, e vemos essa modernidade em seu estilo épico e lírico. A Literatura Portuguesa não seria um modelo ocidental se não tivesse existido Luís Vaz de Camões e sua grande Epopeia, “Os Lusíadas”.
O que podemos analisar é que, duas características formam o estilo camoniano: suas transgressões inovadoras aos modelos clássicos greco-latinos da época, bem como, as transgressões à ordem religiosa.
Biografia de Luís Vaz de Camões
Luís Vaz de Camões nasceu em Lisboa, Portugal, por volta de 1524. Tinha, segundo Pedro de Mariz, parentesco com a alta nobreza portuguesa, sendo filho de Simão Vaz de Camões e Ana de Sá Macedo.
Seu pai e sua mãe tinham parentescos com nobres fidalgos. Contudo, em relação às suas estadias e até nascimento, a sua biografia é muito discutida por não haver muitos documentos comprovadores.
Sua vida, pelo que os testemunhos e biografias indicam, foi um pouco acidentada. Não se sabe ao certo onde teria passado a infância e a adolescência e nem como adquiriu seu conhecimento cultural e literário.
No entanto, Pedro de Mariz, relatou, em relação à sua juventude, que em Coimbra foi protegido de seu tio D. Bento, prior do convento de Santa Cruz e também Chanceler da Universidade.
Neste sentido, Camões teria recebido a sua instrução e cultura de D. Bento que possuía muitos conhecimentos. A propósito, em Coimbra influenciado pelo ” O cancioneiro” do poeta italiano Petrarca, Camões passou a escrever poemas líricos.
Certamente, nesta mesma época, como lembra Emanuel Paulo Ramos, aprofundou-se em seus estudos. Neste sentido, Camões adquiriu um vasto conhecimento em muitas áreas.
A poesia e a vida militar
É sabido que Luís Vaz de Camões viveu boa parte do tempo, na corte, em Lisboa, onde talvez tenha se encantado pela infanta D. Maria, filha de D. Manuel I, e também por Caterina de Ataíde.
A propósito, Caterina aparece em seus poemas indicada pelo anagrama Natércia. Existem alusões ao fato de que essa última paixão lhe rendeu um castigo: teve que servir em Ceuta.
Portanto, em Ceuta, Camões viveu sua primeira batalha, enfrentando os Mouros e ficando cego de seu olho direito, atingido por uma bala. A partir deste acontecimento, voltou para Lisboa, onde segundo contam, teria se entregado a uma vida boêmia, desregrada, frequentando salões, convivendo com pessoas mais simples.
A propósito, nessa época recebeu o apelido de “Cara sem Olho”, fato que o poeta respondeu em versos:
“Sem olhos vi o mal claro,
que dos olhos se seguiu,
pois cara sem olho viu,
olhos que lhe custam caro,
De olhos não faço menção,
pois quereis que olhos não sejam,
vendo-vos, olhos, sobejam,
não vos vendo, olhos não são”
Luís Vaz de Camões na Ásia
Em um episódio de rua, Camões feriu a nuca, com sua espada, de Gonçalo Borges, criador do paço. O resultado dessa briga foi quase um ano de cadeia.
Contudo, o poeta conseguiu uma carta de perdão e foi despachado para a Índia, onde esperavam mais episódios dentro de sua vida aventurosa. Porém, ficará longe de sua pátria por 17 anos.
Nesta época, Camões andou pela Ásia a serviço do governo e começou a escrever “Os Lusíadas” . No entanto, enfrentou um naufrágio trágico no rio Mekong, e quase perdeu os manuscritos de seu poema épico.
Assim, enfrentou outros dissabores até seu retorno definitivo. Além disso, o poeta chegou a Goa e, como soldado, participou de diversas missões em Malabar, no Timor, no Estreito de Meca, no Golfo Pérsico, na China e em várias outras regiões.
Os Lusíadas
Antes de mais nada, para termos uma ideia da importância de Luís Vaz de Camões para a arte literária ocidental, precisaremos fazer uma análise em sua poesia, mais especificamente, “Os Lusíadas”.
Este poema se configura como épico e de gênero poético narrativo. Desta forma, é um texto grandiloquente, em que se destacam temas como o nacionalismo, cristianismo, humanismo, amor, desconcerto do mundo, referências biográficas e mitologia.
Os versos epopeicos de Os Lusíadas configura-se em um gênero narrativo em verso, em estilo mais elevado, que visa celebrar feitos grandiosos de heróis reais e lendários.
Além disso, tem sempre um fundo histórico. Desta forma, essa epopeia, narra as navegações relacionadas a descoberta do caminho marítimo para a Índia, feita por Vasco da Gama.
Morte de Luís Vaz de Camões
Em síntese, o poeta voltou a Lisboa apenas em 1570, com o objetivo de terminar seu poema épico. A princípio, “Os Lusíadas”, é publicado em 1572 e como prêmio, recebe do Rei uma pequena pensão. Contudo, esta pensão era tão pouca que mal dava para pagar suas contas, dizia o poeta que não tinha dinheiro para pagar o seu carvão. desta forma, morre na miséria em Lisboa em 1580.
Segundo alguns biógrafos, Luís Vaz de Camões, teria sido enterrado em cova rasa, por não ter nem um lençol que o servisse de mortalha. Porém, mais tarde, Dom Gonçalo Coutinho, mandou esculpir uma lápide com os dizeres: ” Aqui jaz Luís de Camões, Príncipe dos Poetas do seu tempo. Viveu pobre e assim morreu”.
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