Um conflito no sertão baiano nos anos de 1896 e 1897 – final do século XVIV – resultou na destruição do povoado de Canudos, o que deu nome a Guerra de Canudos.
Também conhecida como revolução de Canudos ou insurreição de Canudos, a Guerra de Canudos se deu por conta de uma grave crise econômica e social em que encontrava a região de Canudos no interior da Bahia.
Durante a Guerra de Canudos houve várias batalhas entre algumas tropas do governo republicano e um grupo de sertanejos. Esse grupo era então liderado por Antônio Conselheiro.
Antônio Conselheiro, O líder da Guerra de Canudos
Para entendermos melhor sobre a Guerra de Canudos, não podemos deixar de conhecer a história de Antônio Vicente Mendes Maciel. Conhecido como Antônio Conselheiro, nasceu em 1828 – 1897, na vila de Quixeramobim, no interior do Ceará onde cresceu em uma família de padrão de vida mediano.
Enquanto criança e adolescente, sua educação lhe permitiu ser um estudioso de geografia, matemática e das línguas estrangeiras.
No entanto, aos 27 anos exerceu funções jurídicas nas cidades de Campo Grande e Ipu, logo após a morte de seu pai. Conselheiro á época também foi casado com uma de suas primas. O relacionamento não foi eterno, e com o abandono da mulher, Conselheiro deu os primeiros passos para uma vida de peregrino, até o surgimento da Guerra de Canudos.
Ao vagar pelo sertão nordestino, se envolveu com a escultora chamada Joana Imaginária, mão de um filho com Antônio. O relacionamento durou até 1865, quando Conselheiro tomou a decisão de abandonar a segunda mulher e o filho.
Ao voltar para uma vida de peregrinação começou a construir igrejas e cemitérios. Suas principais características físicas são:
- barba grisalha,
- bata azul,
- sandálias de couro,
- e, a mão apoiada em um bordão.
Durante a sua peregrinação, Antônio Conselheiro iniciou uma pregação religiosa defensora do cristianismo primitivo.
Influenciado pelas contrariedades pessoais, e diante dos problemas socioeconômicos do sertão, Conselheiro passou a defender que os homens deveriam se livrar das opressões e injustiças que lhes eram impostas.
Guerra de Canudos e o surgimento de seu líder
Na jornada de levar o evangelho primitivo, Antônio Conselheiro buscou superar as maselas de sua vida, e assim atraiu muitos sertanejos que se identificavam com a mensagem pregadas por toda a parte.
Então é aí que se inicia o período pré guerra, o governo ou setores dominantes da época viam em Conselheiro uma renovação social e religiosa.
Foi então que em 1876 Conselheiro foi preso, com a alegação das autoridades que ele tenha matado a mulher e a mãe. Encarcerado no Ceará, após um tempo ele foi liberto e retornou-se para Canudos.
Aumento de Seguidores
Contudo, o retorno de Conselheiro para a região da Bahia possibilitou que seu número de seguidores aumentasse. As autoridades afirmavam que Antônio Conselheiro era monarquista e liderava um movimento que almejava derrubar o governo republicano, instalado em 1889.
Além disso, a igreja afirmava que seus seguidores eram apegados à heresia e à depravação. A coisa então ficou feia e Canudos havia se tornado uma ameaça para o interesse dos poderosos da época.
Fundado em 1893 por sertanejos o arraial de Canudos se tornou um povoado muito com cerca de 5 mil casas e de 20 mil a 25 mil habitantes. Nesse mesmo ano, a população recebeu cobrança de impostos, mas indignada queimaram os documentos emitidos pelo governo republicano. Uma rebelação ao Governo.
A cidade então passou a ser vista como:
- ninho de rebeldes monarquistas e perigosos.
As tropas do Governo e o massacre na Guerra de Canudos
Diante tanta incriminação o governo republicano enviou tropas a cidade de Canudos. Mas a cidade cheia de seguidores de Conselheiro resistiu a chegada dos militares.
Todavia, um pouco antes do último ataque, de quatro expedições, Antônio Conselheiro, com a saúde fragilizada, morreu deixando grande tristeza para a população de Canudos. Provavelmente vencido por uma disenteria aguda, devido a falta de medicamentos.
Ao menos 30 mil pessoas morreram na batalha final que aconteceu no dia 31 de julho de 1897, com cerca de 6.200 militares que saíram de Queimadas. Eles viajaram mais de cem quilômetros em direção a Guerra de Canudos no principal arraial de Canudos.
Vale ressaltar que nas três primeiras expedições, o Exército tomou uma surra dos sertanejos. Mas a fragilidade do último ataque se deu na terceira tentativa, durante a Guerra de Canudos. O massacre levou inclusive a morte do comandante das tropas republicanas em combate.
Poucos dias depois, no último ataque da expedição os militares conseguiram massacrar a população de Canudos que se resumiu a centenas de mulheres, idosos e crianças.
As tropas usaram: metralhadoras e canhões. Já a população miserável de Canudos sem poder de fogo não conseguiu resistir às tropas.
A principal Arma da Guerra de Canudos
Para se ter uma ideia, a principal arma do governo foi o canhão inglês Withworth, usado para atacar as torres das duas igrejas do povoado. No dia 6 de setembro de 1897, a artilharia do governo derruba torres da segunda igreja da cidade.
Por fim, cercada toda a cidade e encurralado os revoltosos, a população é massacrada estabelecendo a ordem do Governo republicano.
Antes da última batalha a situação do povoado se agravou tanto que já faltavam:
- remédios,
- água,
- alimentos,
- e até munição.
Os mortos já se apodrecem, facilitando a disseminação de doenças.
Curiosidade: Antônio Conselheiro morreu no dia 22 de setembro de 1897. Seus seguidores acreditavam que ele pudesse ressuscitar, guardando seu cadáver por vários dias até que começasse a se apodrecer.
Fontes: Só história, Brasil Escola, Info Escola, Super Abril
Fonte das imagens: Instituto Brasileiro de Museus, Cheio de Arte, Fortalezas, Wikipedia