Assim como Fernando Pessoa e Clarice Lispector, Franz Kafka é um importante nome literário do século XX. Em vida, o escritor tcheco não publicou muitos livros, deixou romances inacabados e queimou cerca de 90% de sua obra. Apesar de hoje ser considerado uma grande personalidade, na época, o trabalho de Kafka passou despercebido.
Como resultado disso, a escrita foi para ele, uma forma de escapismo. Embora nunca tenha abandonado a arte, a mesma também não chegou a tornar-se sua atividade primária. Ao longo de sua vida, Franz Kafka estudou direito e atuou em uma companhia de seguros.
Por fim, isso não impediu que as obras críticas e melancólicas de Kafka lhe rendessem o título de um dos escritores mais influentes do século XX.
Vida, família e escrita
Franz Kafka nasceu na cidade de Praga, no antigo Império Austro-Húngaro, atual República Tcheca. No dia 3 de julho de 1883, Hermann e Julie Kafka, comerciantes judeus de classe média, tiveram seu primeiro filho. Após seu nascimento, Franz ganhou mais dois irmãos e três irmãs, dos quais dois morreram na infância e três no Holocausto.
Ao longo de sua formação pessoal, Franz Kafka teve contato com as culturas judia, tcheca e alemã. Durante sua infância, o escritor foi uma criança solitária. Visto que seus pais trabalhavam em uma loja de artigos e roupas de fantasia, Kafka e seus irmãos foram criados por governantas e serventes.
Apesar da ausência parental, tanto a infância quanto a adolescência do autor foram marcadas pela figura dominadora do pai. Ademais, essa rígida relação, posteriormente, tornou-se notável no trabalho de Kafka.
Embora não se considerasse um bom estudante, aos 18 anos o escritor foi para a universidade. Ali ele frequentou círculos literários e políticos e acessou ideias e atitudes críticas com as quais se identificou. Conhecido por ter uma vida sexual ativa e inúmeras amantes, Franz Kafka nunca chegou a casar-se.
Estudos e carreira
Entre os anos de 1901 e 1906, Franz Kafka cursou direito na Universidade de Praga. Durante sua estadia na academia, o escritor conheceu Max Brod, seu grande amigo e posterior biógrafo. Assim que concluiu seus estudos, o autor conseguiu emprego em uma companhia de seguros como inspetor de acidentes de trabalho.
Paralelamente, Kafka iniciou sua carreira como escritor, se dedicando a contos em seu tempo livre. Embora fosse um competente profissional na área de seguros, Franz Kafka se sentia insatisfeito por não poder dedicar-se integralmente à atividade literária.
Em 1915, o exército convocou Kafka para prestar serviço militar na Primeira Guerra Mundial. Todavia, seus patrões conseguiram adiar o alistamento por considerarem seu trabalho imprescindível para a empresa. Embora tenha alistado-se novamente mais tarde, dispensaram Kafka por apresentar tuberculose.
Não demorou para que o quadro de saúde do escritor fosse agravado. Em 1918, o afastaram da companhia seguradora. Na época em questão não havia cura para tuberculose, a qual só começou a ser prevenida em 1921 e tratada em 1943.
A escrita de Franz Kafka
Desde pequeno intimidado pela rigidez e distanciamento do pai, além de marcado por relações amorosas infelizes, Franz Kafka desenvolveu um emocional conturbado. Assim, o escritor acabou tornando-se uma pessoa isolada e rebelde. Logo, tais características marcaram profundamente sua obra.
Atualmente, Kafka é conhecido por sua escrita particular e abordagem de temas como alienação, conflitos parentais e brutalidade física e psicológica. Ademais, nas obras de Kafka, os personagens recebiam missões complexas, o que acabou resultando no termo “kafkiano” para descrever coisas complicadas, labirínticas ou surreais.
Kafka chegou a dizer que só sentia-se verdadeiro quando insuportavelmente infeliz. Tal afirmação é um reflexo de características notáveis em seu trabalho, no qual o escritor sempre manifestou um sentimento de solidão, delírio, nervosismo e desamparo.
Embora fosse introspectivo, Franz Kafka encontrou na escrita uma maneira eficaz de comunicação. Como resultado disso, ele passou a escrever cartas e trocá-las com a família, namoradas e amigos. Inclusive, algumas das inúmeras cartas escritas por Kafka foram publicadas.
Principais obras de Franz Kafka:
Contemplação (1912)
Descrição de uma Luta (1912)
Considerações (1912)
O Veredicto (1913)
O Foguista (1913)
A Metamorfose (1915)
A Sentença (1916)
Carta ao Meu Pai (1919)
Na Colônia Penal (1919)
Um Médico Rural (1919)
Um Artista da Fome (1922)
O Castelo (1926)
Josefina: a cantora ou o povo dos ratos (1924)
O Processo (1925)
O Castelo (1926)
O Desaparecido (1927)
Os últimos dias de Franz Kafka
Após afastar-se do trabalho em 1918, Franz Kafka recorreu ao repouso para lidar com seu quadro de tuberculose. Em seguida, no ano de 1922, ele deixou definitivamente o emprego e foi internado em um sanatório perto de Viena. Visto que a doença limitou a alimentação do escritor por conta das dores na garganta, sua morte está associada à fome.
Como resultado disso, no dia 3 de junho de 1924, Franz Kafka faleceu em Kierling, perto de Viena, Áustria. Posteriormente, sepultaram seu corpo no Novo Cemitério Judeu, em Žižkov. Assim como múltiplas referências artísticas da atualidade, Kafka só foi reconhecido após sua morte.
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Fontes: eBiografia.com, InfoEscola, Brasil Escola, News Medical.
Imagens: Jornal Rascunho, Medium,Tales of Mistery and Imagination, G1, KnigaBook.