No texto de hoje, você vai aprender sobre as figuras de linguagem. Entender sobre isso é essencial para que você possa compreender melhor o sentido de um texto.
O que são as figuras de linguagem?
Figuras de linguagem são formas de expressão que não condizem com a forma denotativa de se expressar. Ou seja, elas são uma forma de plurissignificar a própria língua portuguesa.
Sendo assim, ao se usar uma figura de linguagem, o objetivo é que o sentido original do enunciado seja extrapolado. Dessa forma, a leitura que se consegue é uma interpretativa, em substituição à uma leitura literal dos fatos.
Um exemplo de uso das figuras de linguagem é a frase “Uma chuva de derrubar prédio!”.
Sabemos, que a chuva não pode realmente derrubar um prédio. Logo, essa expressão é uma maneira de dizer que a chuva foi muito forte.
Na prática, as figuras de linguagem são fugas discursivas de língua. Isso porque, nem sempre uma ideia pode ou precisa ser comunicada literalmente.
Desse modo, a criatividade humana torna possível uma comunicação fluida e que, às vezes, não se adapta à literalidade ou à realidade palpável.
Ou seja, as figuras de linguagem funcionam como recursos expressivos usados para gerar efeitos nos discursos e ampliar a ideia que se pretende passar.
Sendo que isso não seria possível com o uso restrito e literal das palavras. Enfim, esses recursos podem causar vários efeitos como, por exemplo:
- Exagero;
- Ausência;
- Similaridade;
- Estranheza;
- Lirismo.
Para que servem?
Antes de mais nada, as figuras de linguagem são também conhecidas como figuras de estilo. Sendo assim, elas funcionam na gramática como recursos estilísticos na língua.
Esses artifícios são usados de forma a deixarem a comunicação mais fluida e até mesmo bonita. Nesse sentido, elas se dividem em outras categorias.
Logo, elas são classificadas em figuras de palavras ou semânticas, de pensamento, de sintaxe ou construção e, também, nas figuras de som ou harmonia.
Dessa classificação, surgem diferentes conceitos de artifícios usados como fugas discursivas da língua.
Por fim, cada subdivisão conta com particularidades e finalidades diferentes que possibilitem a expressão de todas as intenções dos falantes.
Tipos de figuras de linguagem
As figuras de linguagem podem ser de palavras ou semânticas, quando estão associadas ao significado das palavras;
Podem ser também de pensamento, combinam ideias e pensamentos; de sintaxe ou construção, interferem na estrutura da frase e de som ou harmonia, que estão associadas à sonoridade das palavras.
1 – Figuras de linguagem de palavras ou semânticas
Dentre as figuras de linguagem de palavras ou semânticas, temos:
Metáfora
Em síntese, a metáfora é uma comparação de palavras com significados diferentes. Dessa forma, o seu significado fica subentendido na frase.
Ou seja, é quando é feita uma comparação sem o uso de expressões que indicam que uma comparação está sendo feita. Por exemplo:
- A razão é luz na escuridão.
Neste exemplo, a comparação é entre as palavras razão e luz. No entanto, a frase indica que razão e luz se equivalem, são as duas importantes. Outro exemplo é:
- Você tem uma pedra dentro do peito.
Neste caso, a metáfora foi usada para se referir à insensibilidade de alguém. Isso porque, a frase quer dizer que a pessoa tem o coração tão duro quanto uma pedra.
Comparação
Neste caso, há uma comparação explícita e são utilizados conectivos como, tal qual, assim. Exemplo:
- Aquele homem vive como um eremita.
Metonímia
A metonímia ocorre quando há a substituição de um termo por outro. Contudo, essa substituição é feita pela proximidade de referência entre os termos. Por exemplo:
- Comeu o prato todo.
Neste exemplo, a palavra “prato” substitui o termo “comida”, que estava dentro do prato. Além disso, a metonímia pode ocorrer com a omissão de termos, subentendidos por outros. Por exemplo:
- Adoro ouvir Caetano Veloso.
Neste caso, “Caetano Veloso” é o termo que equivale a: músicas do Caetano Veloso.
Catacrese
A catacrese ocorre quando não há um termo específico para designar algo. Logo, são usados outros termos para substituir o que falta. Por exemplo:
- Precisei chamar um marceneiro para consertar o pé da mesa.
Como não existe um termo específico para indicar essa parte da mesa, é usado o termo “pé”.
Sinestesia
A sinestesia é a combinação de dois ou mais sentidos associados às sensações proporcionadas.
Em outras palavras, a sinestesia ocorre quando se constrói uma expressão que mistura duas sensações diferentes das percebidas pelos órgãos sensoriais. Por exemplo:
- Tinha olhos bem pretos, quentes e doces.
No exemplo, temos a mistura da visão (bem pretos) com o tato (quentes) e o paladar (doces) para descrever os olhos de uma pessoa.
Perífrase
Conhecida por antonomásia, é a substituição de uma palavra por outra que a signifique. Por exemplo:
- A força do rei da floresta é muito grande.
No exemplo, o ‘rei da floresta’ refere-se ao leão.
2 – Figuras de linguagem de pensamento
Além das figuras de linguagem de palavras ou semânticas, também temos a classificação das figuras de pensamento, como:
Hipérbole
Corresponde ao exagero com intenção na expressão. Ou seja, é o uso de expressões muito exageradas de forma intencional. Por exemplo:
- Fiquei triste de tanto comer.
- Que demora! Estou esperando há séculos!
Eufemismo
É usado para suavizar o discurso. Desse modo, ele serve para atenuar uma ideia agressiva ou desagradável. Por exemplo:
- Entreguei minha alma a Deus.
- Ele estava muito doente e acabou batendo as botas.
Litote
Essa figura de linguagem serve para suavizar uma ideia. Assemelha-se ao eufemismo, ao mesmo tempo que funciona como o contrário da hipérbole. Por exemplo:
- Fernando não é nada bonito, mas gosto dele assim mesmo.
Ironia
Por fim, a ironia sugere o contrário do que se afirma. Por exemplo:
- Olha só quem chegou! Não tá nem um pouco atrasado!
Neste caso, a pessoa quer dizer que a outra está atrasada, mas usando-se de ironia, ela diz que a outra não está nem um pouco atrasada.
Figuras de linguagem de personificação
A personificação é também conhecida como prosopopeia. Ela consiste na atribuição de qualidades e sentimentos dos seres humanos aos seres irracionais. Por exemplo:
- O pequeno cachorro falava muito com as crianças.
Antítese
Faz referência ao uso de termos que possuem sentidos opostos. Sendo assim, ela está presente em uma frase com duas palavras ou ideias cujos significados são opostos. Por exemplo:
- O bem e o mal caminham de mãos dadas.
- Quem ama o feio, bonito lhe parece.
- Amor e ódio são duas coisas próximas.
Paradoxo
O paradoxo é uma antítese que representa uma condição. Equivale ao uso de ideias com sentidos opostos. Exemplo:
- Estou cego de amor e vejo como isso é bom.
- Ela achava-o feio e bonito ao mesmo tempo.
Gradação
É o uso de ideias representado por uma sequência de palavras que as intensificam. Ou seja, ela ocorre quando se usa uma sequência de palavras que intensifica uma ideia. Exemplo:
- Fazia muito calor, esquentava muito, um calor do Senegal.
Para garantir que você entendeu, confira mais um exemplo:
- Estava muito frio, congelando, uma temperatura glacial.
Neste caso, temos a gradação na descrição do frio para intensificar a ideia de que a temperatura estava muito baixa.
Apóstrofe
É a interpelação feita com ênfase. Por exemplo:
- Ó vida, é preciso viver mais?
3 – Figuras de linguagem de sintaxe ou construção
Na classificação das figuras de linguagem de sintaxe ou construção, temos:
Elipse
Em suma, é a omissão de uma palavra que se identifica facilmente. Sendo assim, ela é suprimida, supondo que seu significado já esteja subentendido. Nesse sentido, mesmo com a omissão, não ocorre prejuízo de sentido. Exemplo:
- Começamos o namoro há dois meses.
Neste exemplo, houve omissão do sujeito “Nós”. Isso porque, ele está subentendido pela conjugação do verbo “começar”. Outro exemplo é:
- O menino apoiou-se na bancada, olhos e ouvidos atentos.
No exemplo houve elipse da preposição “com”. Desse modo, a frase sem elipse é: o menino apoiou-se na bancada com os olhos e os ouvidos atentos.
Zeugma
O zeugma é um tipo de elipse. Sendo assim, ele ocorre quando é feita uma omissão de um termo na sentença, mas neste caso é porque o termo já foi usado antes, então ele fica subentendido. Por exemplo:
- Terminei a introdução, ela a conclusão.
- Ele vai bastante à praia, mas também às montanhas.
No primeiro exemplo, o termo omitido foi “terminei”. Já no segundo exemplo, foi omitido o termo “vai”.
Hipérbato
É a inversão da ordem direta de uma oração. Desse modo, no hipérbato ocorre a inversão proposital de palavras ou de trechos nos enunciados como recurso estilístico. Por exemplo:
- São como uns anjos os seus filhos.
Polissíndeto
Consiste no uso repetido de conectivos. Ou seja, ocorre a repetição, de forma proposital, de uma mesma conjunção como recurso estilístico. Por exemplo:
- Ele falava e cantava e sorria feliz.
Assíndeto
O assíndeto é mais um tipo de elipse. Neste caso, ocorre a omissão de conjunções tais como: e, mas, porque, logo. Funciona como o contrário do polissíndeto. Por exemplo:
- Não fui convidada para a festa, fui mesmo assim.
Anacoluto
Ocorre quando existe uma mudança de construção sintática no meio do enunciado, o que gera uma quebra, deixando um termo solto, sem exercer função sintática. Exemplos disso são:
- Aquele ator não sei de quem você está falando.
- “Umas carabinas que guardava atrás do guarda-roupa, a gente brincava com elas, de tão imprestáveis.”
Pleonasmo
Essa figura de linguagem consiste no uso repetitivo de um termo para enfatizar o significado. Ou seja, a mesma ideia é repetida de forma excessiva com palavras diferentes na mesma sentença.
Sendo que quando isso ocorre de forma intencional, temos uma figura de linguagem. Contudo, se for sem intenção, então é tido como um vício de linguagem. Um exemplo de pleonasmo é:
- Me sorri um sorriso pontual.
Silepse
Essa figura de linguagem é percebida quando a concordância é feita com a ideia que as palavras expressão e não com a sua forma gramatical. Sendo que a silepse pode ocorrer em número, gênero e pessoa.
Por exemplo, temos a silepse na frase: Já toda a gente estava indignada. Queriam ouvir. Sem a silepse a frase seria: toda a gente queria ouvir. Outro exemplo é: “Todos estávamos na festa”, em vez de: “todos estavam na festa”.
Anáfora
Ocorre quando há repetição de uma ou mais palavras de maneira regular. Dessa forma, ela ocorre quando é feita uma repetição proposital de uma mesma palavra ou expressão como recurso estilístico.
Isso dá maior ênfase àquilo que se repete. Esse tipo de figura de linguagem é muito usada em poesias e músicas. Por exemplo:
- Se você sair, se você ficar, se você nunca mais voltar, eu não me importarei.
4 – Figuras de linguagem de som ou harmonia
Por fim, as figuras de linguagem também são classificadas de acordo com o som ou harmonia. Nesse sentido, são divididas em:
Aliteração
É a repetição de um som consonantal de maneira proposital e estilística. Por exemplo:
- O rato roeu a roupa do rei de Roma.
Paronomásia
Essa figura de linguagem acontece quando há repetição de palavras com sons parecidos. Exemplo:
- O cavalheiro, muito cavalheiro, conquistou a donzela.
Assonância
É a repetição de um mesmo som vocálico, de forma proposital, e como recurso estilístico. Por exemplo:
- “Berro pelo aterro, pelo desterro/Berro por seu berro, pelo seu erro.”
Cuidado para não confundir assonância com aliteração. Isso porque, a assonância é a repetição do som de vogais. Por outro lado, a aliteração é a repetição do som consonantal.
Onomatopeia
Por fim, a onomatopeia é a tentativa de reprodução de sons e barulhos a partir da escrita. Essa linguagem é muito usada em histórias em quadrinhos. Por exemplo:
- Derrubou o prato enquanto enxugava a louça: CRASH!
- “Do berro, do berro que o gato deu: miau!”
Então, o que achou da matéria? Se gostou, leia também: Período simples – Definição, tipos de orações e exemplos.