A princípio, estrofe é um conjunto de versos em que uma linha vem antes e depois do grupo de verso. Neste sentido, separa das demais partes do poema e demarca a estrofe como unidade. Porém, existem estrofes de diferentes tamanhos dentro dos tipos de poesias. Portanto, podem existir estrofes de um só verso, de dois de três ou mais.
Assim, o número de versos contido nas estrofes definem seus nomes que são classificados em: monóstico, dístico, terceto, quadra ou quarteto, quinteto ou quintilha, sexteto ou sextilha, bem como sétima ou septilha, oitava, novena ou nona e décima. Contudo, nos períodos que precedem o modernismo, existiam estrofes que eram mais utilizadas que outras.
Dessa forma, as estrofes que predominavam eram os tercetos, quartetos, as quintilhas, as sextilhas, as oitavas e as décimas. Porém, após a liberdade rítmica instituída pelo modernismo, as estrofes se apresentaram com todo tipo de quantidade de verso. No entanto, as estrofes podem se apresentar em três tipos: simples (mesma medida), compostas (versos com medidas diferentes) e livres (sem rigor métrico)
Estrofes mais tradicionais e refrão
Em síntese, a forma mais tradicional de poema é o soneto, composto em sua maioria de quartetos e tercetos, exemplo disso são os poemas de Tomás Antônio Gonzaga.
Portanto, o soneto é um poema de forma fixa que permaneceu muito tempo na tradição literária. A propósito, é importante lembrar que quando o quarteto é usado de forma mais popular, têm estrutura menos elaborada.
Neste sentido, podem rimar apenas os versos pares, o que é chamado de quadrinha. Porém, a quintilha e a sextilha, podem rimar de forma livre, sem obedecer a nenhum esquema rígido.
Por outro lado, a décima organiza-se como um quarteto seguido de um sexteto. Além disso, obedece a um esquema diferente de rimas em cada subestrofe que a compõem. A propósito, vale lembrar também que são muitos os poemas que mesclam mais de um tipo de estrofe (estrofes compostas).
Dessa forma, o refrão é uma parte repetitiva ao longo do poema. Além disso, tanto nas poesias como nas letras de música, o refrão é direcionado para a memorização da poesia ou canção. A propósito, o refrão, em todas as épocas, teve um papel rítmico fundamental. Neste sentido, podemos ver esta importância do refrão na lira IV do árcade Tomás Antônio Gonzaga, jurista, poeta e ativista que participou da inconfidência mineira.
A oitava na estrofe
Primeiramente, a oitava, oito versos e uma estrofe, foi muito utilizada por Camões em “Os Lusíadas”. Neste sentido, a oitava aparece nos dez cantos de Os Lusíadas, e é muito utilizada também em todos os poemas épicos. Entretanto, as suas características são: oito versos em decassílabos e rima, da seguinte forma:
- Primeiro tipo de rima: Rimas nos versos 1, 3 e 6
- Segundo tipo de rima: Rimas nos versos 2, 4 e 6
- Terceiro tipo de rima: Rimas nos versos 7 e 8
Exemplo do canto I de “Os Lusíadas”:
Vasco da Gama, o forte Capitão,
Que tamanhas empresas se oferecem.
De soberbo e de altivo coração
A quem fortuna sempre favorece
Para se aqui deter não vê razão
Que inabitada a terra lhe parece
Por diante passar determinada
Mas não lhe sucedeu como cuidava
Rimas:
- Versos 1, 3 e 5: Capitão, coração, razão.
- V. 2,4 e 6: Oferece, favorece parece.
- V. 7 e 8: Determinava, cuidava.
Quadrinha
Antes de mais nada, na quadrinha, a estrofe tem quatro versos. A propósito, muitas quadrinhas estão ligadas à filosofia popular. Basicamente, suas letras são formadas por quatro versos, de sete sílabas cada um. Dessa forma, também é utilizada em provérbios populares, adivinhas e desafios.
Exemplo de quadrinha no folclore brasileiro:
“O anel que tu me deste
era vidro e se quebrou.
O amor que tu me tinhas
era pouco e se acabou”
Porém, a quadrinha foi muito utilizada também na linguagem poética. Neste sentido, Carlos Drummond de Andrade se inspirou nesse tipo de composição. Assim, é exemplo desse tipo de poesia, o poema “Viola de Bolso”, de Drummond, que fez em homenagem ao seu amigo, Murilo Mendes.
Métrica poética
Basicamente, a métrica poética dentro do estrofe segue algumas regras baseadas na acentuação silábica tônica ou forte (o acento pode não coincidir com a sílaba forte).
Nesse sentido, o poema moderno já não segue essas regras, elas servem mais para uma análise poética, ou para o aprendizado da poesia. Assim, os procedimentos para a contagem de sílabas respeitam a alguns fatores como: a contagem das sílabas é feita até o último acento tônico ou forte.
Por outro lado, a sílaba que termina em vogal fraca (átona) faz elisão, emenda com a vogal átona seguinte formando apenas uma sílaba. No entanto, os diferentes tipos de métricas se dividem em versos de 7 sílabas (heptassílabos), de oito, nove, dez de onze e doze. A propósito, é muito importante lembrar que a contagem das sílabas poéticas é diferente das contagens das sílabas gramaticais.
Por exemplo:
Sílabas gramaticais:
Tí /mi /da /es/ pe/ ra /a /bai /la / ri /na
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Sílaba poética:
Tí/ mi / da es /pe / ra a/ bai/ la / ri /na
1 2 3 4 5 6 7 8 (FABRE, 2006)
Alguns exemplos de versos de métricas diferentes:
- Heptassílabo (Redondilha maior): basicamente, é uma das métricas mais tradicionais das estrofes. Portanto, podemos ver em um verso “Meus Oito Anos” de Casimiro de Abreu – “Ó que saudade que eu tenho…” . Por outro lado, foi muito usado na música popular. Assim, encontramos esse exemplo na “Banda” de Chico Buarque – “ estava a toa da vida…”
- Oito sílabas (octossílabo): inicialmente, é acentuado na quarta e oitava sílabas –“ Sou feiticeiro de nascença” de Torquato Neto.
- Nove sílabas (eneassílabos): a princípio, tem acentuação na terceira, sexta e nona sílabas. Além disso, pode ter acentuação também na quarta e nona. Por exemplo: Fernando pessoa – “Ergue-se em mim uma lua falsa
- Versos com dez sílabas (decassílabos): Em síntese, podemos ver um exemplo de decassílabo nesse trecho: “E oh! Minha amada o sentimento é cego” (Pedro Kilkerry)
- Onze sílabas (hendecassílabos): “E jaz em teus filhos clamando vingança (Gonçalves Dias)
- Doze sílabas (dodecassílabos): A princípio é também chamados de Alexandrinos, e foi utilizado nas poesias do modernismo. Portanto, podemos perceber como exemplo de verso dodecassílabo em alguns versos de Manuel bandeira. Por exemplo: – “Cita um sujeito que não leu, nunca, Alencar”.
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Fontes: Brasil Escola, Significados, Todo Matéria, Info Escola, Recanto das Letras
Imagens: Pexels, Essas e Outras, O Globo, Conversa de Portugues, Diário de Pernambuco,
Bibliografia
ARAÚJO, Luciana Kuchenbecker. “O que é estrofe?”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/portugues/o-que-estrofe.htm. Acesso em 10 de julho de 2021.
DIANA Daniela Estrofe: O que é, Exemplos , tipos e classificação. Toda matéria, em https://www.todamateria.com.br/estrofe/,
FABRE, Mardilê Friedrich, Recanto das Letras, em https://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/254742
SANTANA, Ana Lucia, Estrofe – Literatura, Info Escola em https://www.infoescola.com/literatura/estrofe/
SIGNIFICADOS, estrofe: O que é, classificação e tipos, em https://www.significados.com.br/estrofe/,