A Língua Portuguesa contém uma riqueza vocabular única, que torna a aprendizagem e o ensino da ciência um grande desafio para alunos e professores. Nesse sentido, o nosso idioma conta com distintos processos de combinação de morfemas que tendem a formar novas palavras a partir de outras já existentes. Um deles é a derivação.
Uma palavra é composta por diferentes elementos que podem ou não sofrer alterações de acordo com o sentido que é possível imprimir acerca de determinado assunto. Desse modo, tomemos como exemplo o termo feliz, que contém uma parte inalterável, a qual chamamos de radical. A partir dele, podemos originar outros termos semelhantes como felicidade, infeliz, infelizmente, felizmente.
Note que junto ao radical feli, são acrescentados em termos que alteram o significado original da palavra, seja antes ou depois. Eles são chamados de morfemas derivacionais, isto é, prefixos (antes) ou sufixos (depois).
Dessa forma, podemos ter em nosso vocabulário palavras primitivas, em sua forma mais básica, e palavras derivadas, que contêm elementos aditivos de alteração de sentido. Flor, por exemplo, é primitiva, enquanto floricultura é derivada.
Conheça agora os principais tipos de derivação e exemplos que facilitem a sua compreensão.
Tipos de derivação
O processo de derivação pode ser prefixal, sufixal, parassintética, regressiva e imprópria. Antes de tudo, cada um é marcado por um mecanismo diferente e padronizado de aplicação.
Derivação prefixal
Como visto anteriormente, prefixos são os morfemas acrescentados à frente da palavra primitiva, alterando significativamente sua semântica.
De origem latina, podemos citar como exemplos –dis, -ex, -inter. Dessa maneira distorcer (movimento de negação), exportar (movimento para fora) e intermédio (posição intermediária) se enquadram nessa classificação.
Por outro lado, -a, -anti e –hiper são prefixos de origem grega. Sendo assim, amoral (negação), anti-herói (oposição) e hipercalórico (excesso) também são palavras derivadas prefixais.
Note que cada um dos prefixos citados acima conta com um significado diferente, alterando como resultado o sentido do termo primitivo. Logo, desmotivar é o contrário de motivar, negando o sentido original da palavra.
Derivação sufixal
De maneira idêntica, contudo acrescentado ao fim da palavra, o sufixo vem unido ao fim do radical e também provoca alteração do sentido.
Nessa classificação, existem diversos subtipos de sufixos que alteram o radical da palavra e, portanto, seu significado primitivo. São eles:
Sufixos:
- Aumentativos: -ão (grandão, paredão), -eirão (caldeirão)
- Diminutivos: -inho (colarinho, barquinho), -eco (soneca), -acho (riacho)
Sufixos nominais:
- Substantivos formados por substantivos: -ada (cartada, bananada),-agem (barbeiragem, sacanagem), -eiro (a) (laranjeira, barbeiro)
- Substantivos formados por adjetivos: -dade (crueldade), -ia (alegria), -ez (beleza)
- Adjetivos formados por adjetivos: -ado (barbado), -ense (maranhense, cearense), -ês (português, norueguês)
- Substantivos formados por substantivos e adjetivos: -ismo (realismo, heroísmo, reumatismo)
- Adjetivos formados por verbos: -ante (semelhante, tolerante), -ente (doente, resistente), -inte (seguinte)
- Substantivos e adjetivos formados por outros substantivos e adjetivos: -ista (dentista, pianista, paulista)
- Substantivos formados por verbos: -ança (lembrança, vingança), -ença (descrença), -ência (sofrência, tolerância)
Sufixos verbais: -ear (folhear, mapear), -ejar (gaguejar, velejar), -entar (presentear)
Sufixo adverbial – advérbios formados por adjetivos: -mente (dificilmente, rapidamente)
Parassintética
Por outro lado, a derivação parassintética é aquela que contém prefixo e sufixo, tudo junto. Retomemos o termo feliz: ao acrescentar o prefixo in, obtemos um significado e quando acrescentamos o sufixo mente, temos outro. Assim, obtemos a palavra infelizmente, que assume a classe de advérbio em uma frase.
Do mesmo modo, um outro exemplo é o verbo motivar, que pode originar a desmotivação. O prefixo -des assume o papel de negar o verbo primitivo e o sufixo -ção transforma o verbo em substantivo.
Regressiva
Como o próprio nome diz, esse tipo de derivação “reduz” o sentido do verbo. Dessa forma, o substantivo venda provém do verbo vender e choro se origina do verbo primitivo chorar. Assim, o substantivo é o termo derivado.
Derivação Imprópria
Por último, a derivação imprópria é aquela que conta com mudança na classe gramatical de uma palavra primitiva sem, contudo, alterar sua forma.
Sendo assim, na frase O jantar estava agradável a palavra jantar, que originalmente é um verbo, na sentença ocupa a posição de substantivo.
Ou na sentença Ele foi burro ao sair do emprego, no qual a palavra burro, originalmente substantivo, aqui assume o valor de adjetivo, ao caracterizar a atitude do sujeito.
Ademais, são várias as outras formas de derivação imprópria, entre elas:
Substantivos:
- próprios para comuns: quixote.
- comuns para próprios: Coelho, Leão.
- de substantivos para adjetivos: burro, anta.
Adjetivos:
- de adjetivos para substantivos: capital, circular.
Verbos:
- de verbos e advérbios para conjunções: quer…quer; já…já.
- verbos para substantivos: jantar, prazer.
Então, gostou de saber mais sobre o processo de formação de palavras, envolvendo o processo de derivação? Confira também o que são Morfemas.
Fontes: Português, Infoescola, Mundo Educação, Educação UOL, Brasil Escola
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