Nas últimas décadas, aconteceu uma mudança de paradigma muito importante sobre as células da glia. Anteriormente, estas células eram consideradas como suporte do cérebro. Após diversos estudos, passaram a ser consideradas por funções relacionadas à prevenção de neuropatias.
Atualmente, em pesquisas mais recentes, se constatou que essas células estão relacionadas às funções e papeis na fisiologia e patologia neurais.
Neste sentido, as células gliais têm relações com doenças neurodegenerativas e desordens neurológicas. Porém, a importância dessas células para a medicina atual está configurada na elaboração de abordagens terapêuticas para o sistema nervoso adulto.
O sistema nervoso central (SNC), além de estar ligado a atividades extremamente complexas que envolvem a relação do indivíduo com o meio ambiente, a vida afetiva e a atividade intelectual, apresenta a maior diversidade celular do sistema orgânico do corpo humano.
Além disso, ele é sede de diversas doenças incapacitantes e degenerativas como Alzheimer e Parkinson, tumores e desordens neurológicas, como esquizofrenias, autismo dentre outras.
Mudança de paradigma sobre as células da glia
As mudanças de paradigmas sobre as funções das células da glia estão relacionadas com o desenvolvimento tecnológico utilizado à serviço da medicina do século XXI.
Porém, as questões levantadas sobre as células da glia foram levantadas pela primeira vez pelo pai da neurociência, o espanhol Santiago Ramón y Cajal. O cientista observou o hipocampo humano adulto, notou que os astrócitos podiam se proliferar, dando origem a outros tipos celulares.
Contudo, hoje sabemos que as células gliais (gliais radical e ependimócitos) têm função essencial como progenitores neurais.
A propósito, os astrócitos têm papel essencial na manutenção do tônus vascular, através da síntese e secreção de uma série de moléculas vasoativas. Além disso, eles têm papel essencial na modulação do ambiente sináptico.
A Neuroglia abrange a células da glia
Camilo Golgi, Santiago Ramón y Cajal e Pio Del Rio Hortega descreveram uma ampla variedade de células gliais no cérebro dos vertebrados.
Por conta disso, o neuropatologista Santiago Ramon e o patologista italiano Camillo Golgi receberam o prêmio Nobel de medicina fisiologia de 1906.
Basicamente, esta variedade denominada de neuroglia é dividida em dois grupos classificados quanto à sua fisiologia e funcionalidade: Micróglia Mesodermal e Microglia ectodermal que incluem as células da glia.
Microglia mesodermal
Em síntese, a microglia é uma célula pertencente às células da glia, descrita oficialmente por Pio Del Rio Hortega, em 1932. Sua principal função é a defesa imune do SNC.
Neste sentido, ela foi recrutada após infecções, lesões e doenças degenerativas do SN (Sistema Nervoso).
Assim, quando elas são ativadas no lugar de lesão, sofrem mudanças morfológicas tornando-se capazes de proliferar intensamente e realizar fagocitose com grandes consequências fisiopatológicas.
Contudo, vale lembrar que elas estão presentes nas substâncias branca e cinzentas. Por outro lado, em relação a suas características, elas são alongadas e pequenas e possuem núcleo em forma de bastão.
A propósito, elas são fagocitárias e derivam de precursores que alcançam a medula óssea por meio da corrente sanguínea. Além disso, ela secreta diversas citocinas reguladoras do processo imunitário e removem os restos celulares que surgem nas lesões do SNC.
Composição da macroglia que envolve as células da glia
- Oligodendroglia – responsável pela mielinização dos axônios e composta pelos oligodendrócitos, uma das células da glia.
- Ependimoglia – compreende os ependimócitos células que revestem os ventrículos encefálicos e o canal central da medula; as células epiteliais pigmentares da retina; e as células do plexo coróide, presentes no interior dos ventrículos e que produzem o líquido cefalorraquidiano, líquor.
- Astroglia – incluem os astrócitos principal fonte de fatores de crescimento para os neurônios e presentes em diversas regiões do SNC, possui subtipos como: glia de Bergmann, no cerebelo, glia de Muller na retina e tanicitos no hipotálamo. Além disso, ainda abrangem os pituicitos na neuro-hipófise e as células de glia radial, estas duas últimas são as principais células-tronco do córtex cerebral.
Astrócitos
Primeiramente, o termo que denomina esse tipo celular, está relacionado com a sua forma de estrela observada em amostras histológicas do cérebro e em medula espinhal. Em síntese, o termo foi introduzido pelo médico anatomista húngaro Michael Von Lenhossek em 1893.
Basicamente, estas células da glia compõem metade das células do cérebro. Elas pertencem a um grupo de células heterogêneas e divididas em subtipos.
Portanto, os tipos de astrócitos se diferenciam quanto à morfologia, desenvolvimento, metabolismo e fisiologia.
- Protoplasmático: presentes na substância cinzenta;
- Fibroso: presentes na substância branca;
- Velados: presentes no cerebelo;
- Perivasculares e marginais;
- Interlaminares;
- De projeção varicosa: ainda caracterizado apenas em hominídeos.
Funções dos astrócitos
Basicamente, os astrócitos desempenham uma série de funções essenciais para a homeostase do SNC. Neste sentido, eles são responsáveis pela manutenção dos níveis iônicos do meio extracelular que se alteram com a descarga de potenciais de ação dos neurônios.
Por outro lado, esses tipos celulares pertencentes às células da glia, também são responsáveis pela captação e liberação de diversos neurotransmissores, influindo em seus metabolismos.
Além disso, participam na formação da barreira hematoencefálica, no direcionamento de axônios, formação e funcionamento das sinapses.
Contudo, outro ponto importante é sobre as funções dos astrócitos. Em síntese, eles estão envolvidos na regulação do fluxo sanguíneo cerebral e do acoplamento neurovascular e auxílio na defesa imune.
A propósito, em sua morfologia, os astrócitos apresentam feixes de filamentos intermediários. Estes feixes são constituídos pela proteína fibrilar ácida que traz reforço para a estrutura celular.
Além disso, essas células ligam os neurônios aos capilares sanguíneos, e se comunicam por meio de junções comunicantes. Neste sentido, eles formam uma rede para a transmissão de informações a grandes distâncias no interior do SNC.
Oligodendrócitos
Basicamente, são células responsáveis pela mielinização dos axônios e seu núcleo esférico é menor que o dos astrócitos. São encontrados na substância branca envolvendo os axônios de alguns neurônios.
Além disso, os oligodendrócitos, que pertencem ao grupo das células da glia, formam uma membrana rica em substâncias lipofílicas denominada bainha de mielina.
Dessa forma, dentre as suas funções, se destaca a produção de mielina para o sistema nervoso central. Além disso, quando estas células se enrolam em torno dos axônios, estes funcionam como um isolante elétrico e são capazes e envolver até 60 neurônios.
Ependimócitos
Primeiramente, a sua forma é cubica ou colunar (cilíndrica) seu núcleo é ovoide e possui cromatina condensada e apresentam arranjo epitelial.
Além disso, possui as funções de revestir os ventrículos encefálicos e o canal central da medula.
Por outro lado, são responsáveis pela fagocitose de corpos estranhos e restos celulares, revestem a cavidade do cérebro e o canal central da medula espinhal.
Contudo, vale lembrar que em algumas regiões estas células são ciliadas para facilitar a movimentação do líquido cefalorraquidiano
Características gerais das células glias
Basicamente, essas células não formam sinapses e são capazes de se multiplicar por meio do processo de mitose.
Algumas funções básicas:
- Sustentam e isolam os neurônios;
- Removem excretas e fagocitoses de restos celulares;
- Participam no equilíbrio iônico do fluido extracelular.
Então, gostou da matéria? Se gostou, leia também: Como o Cérebro funciona? Principais partes, características e funções
Fontes: Brasil Escola, Biologianet, Mundo Educação, Infoescola
Imagens: Pexels, King, Bem Explicado, Leonardo Furtado, Alev Biz e