Os pequenos bichinhos lisos ou rugosos comumente chamados de sapos, rãs ou pererecas, são integrantes do grupo dos anuros. Embora este último seja apenas um constituinte das três grandes ordens dos anfíbios, que se dividem em Caudata, Gymnophiona e Anura, o enfoque desse texto girará apenas nos não caudados.
Derivado do latim, “anuro” significa “que não possui cauda” visto que tais animais perdem o membro ao realizar a transição da fase larval para a fase adulta. Inclusive, esse processo de metamorfose é responsável por marcar a familiaridade dos anuros tanto com o ambiente terrestre quanto com o aquático.
Esses anfíbios sem cauda possuem diversas características, mas dentre as mais marcantes está seu esqueleto adaptado à locomoção por saltos. Ademais, embora a crença comum tenha associada uma má fama e até certos preconceitos em torno dos anuros, esses animais são inofensivos e possuem grande importância para a ecologia.
Grupos de anfíbios
Já na Ordem Gymnophiona ou gimnofionos, existem anfíbios cujas principais características são não possuir patas e ter o corpo alongado. Esses representantes são parecidos com serpentes e são comumente conhecidos como cobras-cegas e cecílias.
Por fim, a Ordem Anura ou anuros é o grupo mais popular, sendo constituído por anfíbios sem cauda. Além disso, outras de suas características de destaque são os hábitos noturnos e a forma como utilizam a vocalização no seu cotidiano. Logo abaixo há mais explicações sobre esse grupo que inclui sapos, rãs e pererecas.
Características dos anuros
Assim como mencionado acima, os anuros possuem uma fase larval na qual habitam o ambiente aquático. Esse processo é chamado de desenvolvimento indireto e nessa etapa eles são denominados girinos. Enquanto girinos, os anuros contam com cauda, brânquias e não possuem pernas.
Em seguida, durante o processo de metamorfose, esses anfíbios desenvolvem pulmões, o que propicia a respiração dos mesmos em ambiente terrestre. Além disso, as pernas surgem e a cauda vai sumindo gradativamente, junto com as brânquias.
Onde encontrá-los?
Segundo estimativas, existem aproximadamente 5067 espécies diferentes de anfíbios anuros. Embora sejam encontradas majoritariamente em regiões tropicais, elas habitam os diferentes ecossistemas ao redor do mundo. Só para ilustrar, o Brasil abriga cerca de 700 dessas espécies.
Visto que possuem preferência por locais úmidos, os anuros são mais encontrados próximos a rios, lagoas e brejos. No entanto, nenhuma dessas espécies vive no mar. Curiosamente, existem anuros que vivem até em regiões desérticas, mas a Antártida é o único local no qual anuros não podem ser encontrados.
Anuros comem o que?
Na fase larval, esses animais consomem algas e alguns microrganismos para sobreviver. Já na fase adulta, eles adotam a dieta carnívora, ou seja, se alimentam de outros animais, principalmente pequenos artrópodes e moluscos. Alguns sapos capturam seu alimento utilizando sua língua elástica e pegajosa.
Como funciona sua reprodução
Sem dúvidas, uma das características mais interessantes dos anuros é sua capacidade de vocalização. Visto que não possuem uma visão bem desenvolvida, esses anfíbios utilizam sua capacidade de emitir sons para comunicação, disputa de território e, principalmente, reprodução.
Através do “canto” o macho se apresenta para as fêmeas. Assim que atraídas pelo futuro parceiro, as fêmeas constroem seu ninho e partem para o amplexo nupcial, no qual a liberação de óvulos é liberada. Em seguida, o macho libera espermatozoides que fecundam os óvulos de forma externa e os mesmos se desenvolvem na água.
Sapos, rãs e pererecas
Visto que os anuros partilham diversas características físicas, é comum confundi-los. No entanto, cada um dos representantes desse grupo conta com suas especificidades. Por exemplo, os sapos são caracterizados por terem uma glândula parotoide pela qual ele secreta sua toxina de defesa. Além disso, seu tamanho é maior e a pele é rugosa.
Já as rãs, contam com uma corcunda dorsal, pele fina e lisa, dedos e pernas traseiras longas. Elas são animais mais aquáticos e, ao contrário dos sapos, não possuem muitos meios de defesa, por isso são presas fáceis de peixes, aves e cobras. Além disso, a carne de rã é procurada por seres humanos por ser considerada saborosa.
Por último, mas não menos importantes, as pererecas são menores e mais coloridas que os dois anuros citados acima. Assim como as rãs, elas possuem pele lisa e dedos longos, porém sua especificidade é a presença de discos adesivos nas pontas dos mesmos, o que permite que elas se fixem em diferentes superfícies.
Anuros e humanos
Além do caso das rãs, que são alvo de consumo, os anuros possuem outras características que os tornam úteis para os seres humanos. Por exemplo, a pele de rã pode ser utilizada para enxertos em pessoas que sofreram queimaduras graves; o veneno do sapo-cururu pode curar a leishmaniose; e anuros auxiliam no controle de mosquitos e pragas.
Ademais, esses animais atuam como bioindicadores. Sempre que a poluição interfere diretamente nas populações de anuros, fica notável que há algo de errado. Inclusive, as mudanças climáticas e a exploração desenfreada têm colocado essas espécies em risco, o que é um problema para a cadeia alimentar.
Ainda que existam diversos preconceitos associados aos anuros, é importante ressaltar que os mesmos não são perigosos. Apesar de possuírem toxinas para autodefesa, eles não são capazes de injetá-las. Logo, não há motivo para pânico e, caso essa substância entre em contato com a pele, basta lavá-la com água e sabão.
Fontes: Canal do Educador, Prepara Enem, IBB Unesp, Brasil Escola, Fiocruz.
Imagens: Zdeněk Macháček, Tyler Donaghy, Unesp, Grace Evans, Reddit, David Clode, Matthew T Rader, Nick Godfrey.