Stalinismo – Contexto histórico, consolidação e características

O Stalinismo foi um dos regimes totalitários europeus que marcaram o século XX e deixou na União Soviética marcas inesquecíveis.

Stalinismo - Contexto histórico, consolidação e características

Stalinismo é o nome que se dá ao regime totalitário de caráter comunista que marcou a antiga União Soviética no século XX. Instaurado por Josef Stalin entre 1927 e 1953, esse governo foi responsável por transformar radicalmente o país soviético.

Embora tenha obtido sucesso na industrialização nacional, o Stalinismo também resultou em consequências letais para a população. Ademais, uma característica marcante desse regime foi a perseguição à minorias e a qualquer oposição às ideias pregadas por Stalin.

Além do avanço industrial e a repressão à liberdade de expressão, a coletivização das terras soviéticas, a resistência contra nazistas e a participação da União Soviética na Segunda Guerra Mundial foram grandes marcos desse período.

Contudo, para entender melhor o Stalinismo e poder ter uma noção de como ele foi difundido pelo país de maior extensão territorial do mundo, é preciso, antes de tudo, conhecer o contexto em que o mesmo foi inserido.

Contexto histórico

O Stalinismo ganhou força em um contexto de fragilidade política após a Revolução Russa

Em 1917, o czarismo foi derrubado através da Revolução Russa. Em seguida, com a queda do governo absolutista na Rússia, o país se retirou da Primeira Guerra Mundial para se tornar palco de uma guerra civil. De um lado haviam os vermelhos, que defendiam o comunismo e, do outro, os brancos ou anticomunistas.

Como resultado desse confronto ideológico, a revolta bolchevique tomou o poder na Revolução de Outubro de 1917. Liderados por Lenin, os bolcheviques deram início à implantação do socialismo nacional. Logo, visando reunir o antigo Império Russo, foi criada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em 1924.

Todavia, Lenin acabou sofrendo um derrame e seu frágil estado de saúde motivou uma rivalidade política. Dessa forma, Josef Stalin, Leon Trotsky, Grigori Zinoviev e Lev Kamenev passaram a disputar o cargo de novo secretário-geral da URSS.

Apesar de Lênin ter demonstrado preocupação com uma possível vitória de Stalin, o mesmo chegou ao poder. Além de ter conquistado a almejada posição através de meios nada democráticos, Stalin ainda perseguiu seus concorrentes. Assim, Zinoviev, Kamenev e Trotsky foram perseguidos e mortos entre as décadas de 30 e 40.

Características do Stalinismo

A propaganda era uma das características mais marcantes do Stalinismo e influenciava o culto ao líder

Visto que conseguiu chegar à posição de Primeiro Ministro da União Soviética, Stalin reformulou por completo o governo existente. Dessa forma, a nova administração do político foi marcada por características próprias que passaram a compor aquilo que viria a ficar conhecido como Stalinismo.

Sendo assim, o governo stalinista foi caracterizado por:

  • controle econômico inteiramente feito pelo Estado;
  • decisões baseadas unicamente nas vontades do líder;
  • culto à personalidade de Stalin;
  • criação de um grande aparato de propaganda política;
  • implementação de um regime de terror que impôs perseguição aos opositores do governo;
  • perseguição à religião;
  • militarização da sociedade;
  • burocratização do serviço público;
  • imposição de censura nos meios de comunicação;
  • nacionalismo;
  • unipartidarismo (Partido Comunista);
  • centralização política.

Administração do governo stalinista

A administração stalinista conquistou um forte apoio das massas

O Stalinismo visava acabar com as classes sociais. Então, a administração stalinista se voltou contra os ricos. Além disso, os principais focos de investimento de energia e atenção desse regime foram: a industrialização da União Soviética, a planificação da economia, a coletivização de terras e a perseguição à oposição.

A industrialização no Stalinismo foi um grande êxito

Durante o governo de Stalin a URSS se tornou a segunda maior potência industrial do mundo

De acordo com os historiadores, o governo stalinista, cuja influência nacional foi construída em cima de poderosas propagandas, exigia “sangue, esforço, lágrimas e suor” da população soviética. Apesar de apelativo, o marketing governamental fez muito pela industrialização e gerou milhões de novos empregos.

Como resultado desse aumento de assalariados nas fábricas, os proletários passaram a compor a principal base de apoio do Stalinismo. Afinal, um povo empregado, é um povo satisfeito com seu governo. Além disso, em pouco tempo a URSS tornou-se a segunda maior potência industrial, perdendo apenas para os Estados Unidos.

Curiosamente, o incentivo stalinista à industrialização soviética camuflou a Nova Política Econômica (NEP) proposta por Lenin. Enquanto o líder bolchevique pretendia abrir a economia soviética, Stalin defendia que a produção da URSS deveria ser voltada apenas para o próprio país.

A economia soviética passou a ser planificada

Stalinismo - Contexto histórico, consolidação e características
Os Planos Quinquenais foram outro grande marco do Stalinismo

Após decretar o fim da economia de mercado, Stalin planificou a economia soviética. Isso significa que a mesma passou a ser integralmente controlada pelo Estado. Dessa forma, através do Plano Quinquenal, que duraria cinco anos, o governo estipulava metas a serem alcançadas dentro desse prazo.

Em 1929 foi posto em prática o primeiro Plano Quinquenal. O mesmo estipulava metas, aparentemente, inalcançáveis como o aumento: da produção industrial em 180%; da geração de eletricidade em 335%; e da disponibilidade de mão-de-obra industrial em 35%.

Apesar de parecerem absurdas, o governo soviético alegou que essas metas foram alcançadas em 1932. Portanto, o primeiro plano quinquenal foi concluído com quatro anos. Porém, a conquista dessas metas custou a exaustão física e psicológica dos trabalhadores.

As fazendas coletivas provocaram revoltas contra o Stalinismo

A coletivização das fazendas da URSS resultou em uma crise de produção de alimentos no país

Ao passo que os planos de industrialização foram bem sucedidos, não se pode dizer o mesmo de outras áreas. Acontece que, junto do Plano Quinquenal, Stalin promoveu uma reforma na agricultura soviética. Assim surgiu a iniciativa da coletivização da terra.

Em suma, essa reforma aboliu a propriedade privada nas zonas rurais. Assim, as terras produtivas passaram a ser controladas pelo Estado. O mesmo criava fazendas coletivas e nomeava os camponeses para trabalhar nesses locais.

Embora, inicialmente, essa proposta visasse tirar o poder dos grandes agricultores, não demorou para que toda população camponesa fosse afetada. Em 1930, cerca de 71% das terras soviéticas já haviam sido coletivizadas. Ao passo que os trabalhadores designados a trabalhar nesses locais ficavam presos ali, revoltas foram iniciadas.

Sendo assim, a resistência à coletivização foi ganhando força. Porém, nenhum território se destacou na revolta tanto quanto a Ucrânia. Só para ilustrar, mais de um milhão de levantes contra essa medida do Stalinismo foram realizados no local. Como represália, há quem diga que o governo causou uma inanição coletiva.

A coletivização das terras desestabilizou a produção agropecuária do país. Logo, houve uma falta de alimentos que ocasionou uma fome generalizada que provocou milhões de mortes na URSS. Ao contrário do que se esperava do Stalinismo, mesmo com a população morrendo, o governo implementou medidas de produção mais severas ainda.

O governo stalinista foi construído em cima de expurgos e terror

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Os opositores do Stalinismo eram enviados para campos de trabalho forçado conhecidos como “gulags”

Além da violência simbólica cometida contra a população, o Stalinismo também apelava para o expurgo da oposição ou de qualquer minoria. Embora a administração de Stalin perseguisse grupos diversos, seus primeiros grandes alvos foram as minorias étnicas, principalmente os poloneses.

Assim que eram capturadas, essas pessoas eram enviadas para campos de trabalho forçado. Todavia, aqueles que não recebiam esse destino poderiam acabar sendo  executados pela NKDV, a polícia secreta soviética. Conhecido como Grande Terror, houve um período de perseguição extrema que deixou aproximadamente 700 mil vítimas.

No entanto, ao longo de todo governo stalinista, a perseguição àqueles que não agradavam o Estado foi gradativa. Assim, marcado pela violência, acredita-se que o Stalinismo tenha provocado de 10 a 20 milhões de mortes e efetuado até 13 milhões de prisões.

O fim do Stalinismo

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O Stalinismo atingiu o fim com a morte de Stalin, porém o líder soviético estava no auge de sua popularidade

Apesar da ideologia stalinista ainda ser estudada, o fim do Stalinismo como regime aconteceu em 1953, com a morte de Stalin. Assim como Lenin, seu antecessor, o ditador soviético foi vítima de um derrame. Contudo, a morte de Stalin aconteceu no auge da popularidade do político, que havia saído vitorioso da Segunda Guerra Mundial.

Muitos soviéticos chamam a Segunda Guerra de Grande Guerra Patriótica, pois foi quando o Exército Vermelho conseguiu se vingar das investidas alemãs. Assim, em 1945, a URSS mobilizou 2,5 milhões de soldados para atacar Berlim e, pouco tempo depois, derrotaram os nazistas definitivamente.

Esse feito bélico transformou Stalin em um grande herói nacional. Dessa forma, se antes ele já era cultuado, agora o líder soviético era uma personalidade incomparável. Esse comportamento social se estendeu mesmo após sua morte. Stalin foi sucedido por Nikita Kruschev, que denunciou os crimes do ex-Primeiro Ministro.

Mesmo que com a ascensão de Kruschev ao poder a URSS tenha seguido sob um regime totalitário, a repressão era menos acentuada que durante o Stalinismo. Além disso, o novo líder pôs fim ao culto a Stalin e três dias após a morte do mesmo, 1,5 milhão de prisioneiros políticos foram liberados.

E então, o que achou da matéria? Se gostou, confira também: Stalin – Quem foi, relevância para o Socialismo, guerras e morte.

Fontes: História do Mundo, Brasil Escola, Toda Matéria.

Imagens: Mistérios do Mundo, Socialista Morena, Diário Causa Operária, Russia Beyond, Mundo Educação, Escola Kids, Russia Beyond, Jornal Grande Bahia, Revista Movimento.

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