O que é crônica? Definição, características, exemplos e tipos principais

Crônica é um gênero textual que transita entre o jornalismo e a literatura para expor fatos atuais com um traço humorístico e contemporâneo

O que é Crônica: definição, características, exemplos e tipos principais

Na Língua Portuguesa, existem diversos tipos de textos, cada qual com suas características próprias e utilidade. E, como subclassificações desses tipos textuais, estão os gêneros textuais, entre eles a crônica.

A crônica é um gênero textual que funciona como zona intermediária entre a literatura e o jornalismo. Dessa forma, ela consegue abordar assuntos do cotidiano trazendo um tom de reflexão, isto é, provocando uma análise crítica de situações do dia a dia, comum aos indivíduos.

Dentre seus principais tipos, podem ser citados exemplos como a crônica jornalística, crônica histórica e crônica descritiva.

Portanto, conheça abaixo mais sobre essas classificações, exemplos mais corriqueiros e características que a diferenciam de outros gêneros textuais.

Afinal, o que é uma crônica?

Em suma, a crônica pode ser resumida como um texto simples, geralmente escrito em prosa e que é difundida em meios de comunicação como revistas e jornais.

Essa palavra veio do latim chronica e refere-se a um registro de eventos marcados cronologicamente. Da mesma forma, ela é proveniente do grego kronos, que quer dizer tempo. É uma junção dos dois significados.

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Sendo assim, a crônica possui “vida curta”, isto é, tem prazo de validade justamente por tratar de assuntos ligados ao tempo presente. Além disso, ela promove uma aproximação com o leitor, trazendo à tona uma linguagem mais coloquial, leve e divertida.

Em outras palavras, ela é menos “sisuda” do que o jornalismo e mais atual e moderna do que a literatura.

Em conclusão, costuma-se atribuir ao bom cronista o papel de perceber, em seu dia-a-dia, visões, ideias ou impressões pessoais que sejam comuns à maioria das pessoas.

Características textuais

Em comum com o jornalismo está o fato de abordarem assuntos do cotidiano e, portanto, terem validade definida. Apesar disso, ela pode ser abordada em outros momentos devido a seu caráter crítico.

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Assim como citado anteriormente, as crônicas apresentam linguagem simples (de fácil assimilação) e espontânea. Portanto, o autor da crônica acaba se tornando uma espécie de “conhecido” do leitor uma vez que ambos compartilham (na maioria das vezes) sentimentos parecidos acerca do que está sendo atribuído.

Em resumo, as principais características de uma crônica são a presença de poucos poucos personagens; o estabelecimento de uma visão crítica, com uso do humor (seja ele irônico ou sarcástico) e a abordagem de assuntos cotidianos em um tempo cronológico definido.

De maneira idêntica, há também a constância de uma Linguagem despojada, simples e próxima ao leitor; assim como de uma narrativa curta.

Tipos principais

Por conseguinte, as crônicas podem ser narrativas, descritivas, dissertativas, humorísticas, narrativo-descritivas, líricas, jornalísticas, poéticas, históricas, filosóficas ou ensaio.

Descritiva – Esse tipo expõe os detalhes que permeiam a ação que está sendo contada. Dessa maneira, ela insere características mais detalhadas sobre o local do fato principal, os personagens e as situações vivenciadas.

Narrativa – Como narração, entende-se um tom mais bem estruturado da crônica, contado a partir da visão explícita do autor, personagem (1ª pessoa) ou observador (3ª pessoa). Nesse sentido, a ótica é um pouco mais individualista.

Dissertativa – A principal característica desse tipo é a apresentação explícita da opinião do autor, que pode vir em 1º pessoa do singular ou 3ª do plural.

Jornalística – Essa crônica mistura as tipologias narrativa e argumentativa, com base em notícias ou fatos do cotidiano. Em geral, estão presentes pequenos fatos que são explanados para, em seguida, promover-se uma reflexão sobre eles, em trechos mais longos e argumentativos.

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Humorística – Esse subtipo textual se apoia na ironia, sarcasmo e humor para abordar assuntos que têm forte impacto na sociedade. Como resultado, questões envolvendo as crônicas humorísticas são abordadas constantemente em provas de vestibular e no Enem, cabendo ao estudante decifrar qual o sentido ou significado presente na mensagem.

Narrativo-descritiva – Intercala esses dois tipos de crônica no decorrer do texto, estabelecendo uma sequência de acontecimentos em modo temporal.

LíricaApresenta linguagem poética e rica em metáforas para demonstrar emoções como amor, saudade e nostalgia.

Poética – É a crônica mais próxima do estilo literário de escrita, apresentando versos poéticos que expressam reações e sentimentos acerca de determinado tema.

Histórica – É baseada em fatos históricos, com personagens, espaço e tempos definidos.

Ensaio – Essa crônica faz críticas duras às instituições de poder e às relações sociais, com sarcasmo ou ironia.

Filosófica – Traz uma reflexão sobre um fato ou evento.

Exemplos de cronistas e crônicas brasileiras

Inicialmente, a crônica como gênero textual foi desenvolvida com caráter histórico. Sendo assim, elas relatavam fatos históricos ou acontecimentos do cotidiano desde o século XV, com um toque humorístico.

Em solo brasileiro, esse estilo textual começou a se consolidar em meados do século XIX, com a publicação dos Folhetins.

Em seguida, trazemos alguns exemplos de trechos de obras completas:

Crônica de Nelson Rodrigues

Estante Virtual

Dragões de Espora e Penacho (sobre a conquista do tricampeonato do Brasil sobre a Itália em 1970)

[…] “Quem fez o gol da Itália, o franciscano gol da Itália, não foram os italianos. Foi uma brincadeira de Clodoaldo. Esse notabilíssimo craque, sergipano quatrocentão, resolveu dar uma bola de calcanhar. O inimigo recebeu o presente recebeu de graça, o passe e o gol. Ao passo que os gols brasileiros foram obras de arte, irretocáveis, eternas… Amigos, glória eterna aos tricampeões mundiais” […]

Crônica de Clarice Lispector

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A Escotilha

Mas há a vida

Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor. Há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata.

Crônica de Machado de Assis

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Geledés

Bons dias! (sobre um passeio de bonde pela cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro)

[…] Mas por onde é que eu tinha principiado? Ah! Uma coisa que vi, sem saber onde… Não me lembro se foi andando de bond; creio que não. Fosse onde fosse, no centro da cidade ou fora dela. Vi, à porta de algumas casas, esqueletos de gente postos em atitudes joviais. Sabem que o meu único defeito é ser piegas; venero os esqueletos, já porque o são, já porque o não sou. Não sei se me explico[…] .

Outros renomados poetas cronistas foram:

E aí, gostou de conhecer mais sobre as crônicas? Então, leia também sobre a literatura brasileira.

Fontes: Toda Matéria, Pra valer, Toda Matéria, Esportes Estadão, Nota Terapia, Biblioteca Nacional, Escrevendo o futuro

Imagens: Wikihow, Curso Enem gratuito, Dicio, Exame, Estante Virtual, A Escotilha, Geledés.

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