Movimento operário no Brasil: origem, história e lutas

O começo do movimento operário no Brasil se constitui durante a Primeira República, onde primeiro o se formou e depois se estruturou.

Movimento operário no Brasil, o que é? origem, história, indústrias e lutas

O começo do movimento operário no Brasil se constituiu durante a Primeira República. Nessa época, o movimento operário se formou nos vários setores de produção.

Outro fator que influi nessa formação foi a imigração. Este texto vai analisar os movimentos operários, compreendendo as dinâmicas regionais, as variedades de formas de organizações e a constelação de correntes ideológicas.

As indústrias brasileiras mais predominantes eram as indústrias de calçados, indústrias têxteis, siderúrgicas e as indústrias gráficas. Contudo, o parque industrial foi se ampliando no decorrer do tempo. Neste sentido, o movimento operário no Brasil foi se estruturando em unidades federais, como é o caso dos sindicatos.

A indústria e o movimento operário no Brasil

Em 1913, no Brasil, a indústria de calçados reunia mais de 4000 estabelecimentos, sendo que dessas apenas 116 empregavam mais de 12 pessoas. 

Contudo, segundo dados do censo de 1920, no município de São Paulo, as mulheres representavam mais de 29% do total de trabalhadores do ramo industrial.

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Primeiramente, as fábricas de calçados mostraram como foi a evolução industrial no Brasil, que começou com as manufaturas inglesas no início da Revolução Industrial. Logo, esse cenário foi ampliado com as indústrias têxteis.

Porém, a indústria brasileira, em termos de emprego de mão de obra e de salários, possuía muitas variações regionais. Assim,  no setor têxtil em São Paulo, a participação das mulheres era de 58% e no Rio de Janeiro era de 39%.

Contudo, com relação aos salários pagos aos trabalhadores de forma geral, eles variavam por região. Portanto, no Rio de Janeiro, o salário pago a um tecelão com 14 anos de casa era 25% mais alto do que em São Paulo.

Por outro lado, na comparação com os estados nordestinos e Minas Gerais, os trabalhadores cariocas ganhavam o dobro dos trabalhadores dessas regiões. Dessa forma, estas disparidades, começaram a ser discutidas no movimento operário no Brasil nas estruturas sindicais.

Condições de trabalho e imigração

Os trabalhadores brasileiros no início do século XX eram submetidos a 14 e 16 horas de trabalho em sua jornada, com poucas possibilidades de descanso e de lazer. Além disso, moravam em condições precárias, como os cortiços, geralmente nas periferias dos centros urbanos.

Assim, possuíam problemas com o transporte e infraestrutura. Podiam estar sujeitos ao controle patronal em suas moradias, como era o caso das vilas operárias. Com relação à saúde, as políticas públicas eram totalmente ausentes.

Assim, o trabalhador tinha sua sobrevivência ameaçada, caso não tivesse um fundo de assistência da empresa ou não contribuísse para alguma sociedade de auxílio.

Os imigrantes foram significativamente majoritários em São Paulo. Alguns estudiosos chegam afirmar que em 1901, 10 trabalhadores de São Paulo, 9 eram estrangeiros. Contudo, no nordeste, o impacto da imigração foi bem menor.

Em 1920, a onda imigratória já tinha passado, mas os trabalhadores estrangeiros em São Paulo representavam 51% do total e no Rio de Janeiro 35%. Além disso, nesse cenário, o ambiente de disputa entre estrangeiros e brasileiros era grande, bem como as disputas entre os próprios estrangeiros.

Vale lembrar que no movimento operário no Brasil os estrangeiros foram de grande importância.

Os socialistas estrangeiros no movimento operário no Brasil

No grupo de trabalhadores que vieram para o Brasil, havia alguns socialistas. Esses trabalhadores realizaram, em 1892, uma conferência no Rio de Janeiro que ficou conhecida como Primeiro Congresso Socialista do Brasil.

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Porém, haviam também os anarco-sindicalistas, onde a principal arma dos trabalhadores era as greves. No entanto, havia uma clara divisão entre os operários,  relacionada ao movimento operário no Brasil.

Assim, de um lado estavam os reformistas chamados de amarelos e do outro, os anarco-sindicalistas, que promoviam ações bem mais radicais.

Organização dos operários

A organização de trabalhadores brasileiros começou já na segunda metade do século XIX, em que os trabalhadores livres se organizavam. Contudo, esses trabalhadores eram qualificados e trabalhavam de forma artesanal.

Porém, essas associações eram entidades de socorro mútuo, em vista da proibição de associações pela constituição de 1824. Por outro lado, no início do século XX,  já na constituição republicana, surgiu um novo tipo de sindicato operário voltado para a ação econômica.

Neste sentido, os sindicatos eram voltados para questões sobre jornada de trabalho, salários, condições de trabalho e formas de pagamentos.

Dessa forma, essas associações surgiram com nomes diversos como centro, grêmio, liga, sociedade, união e até mesmo sindicato. Porém, existia uma diferença entre sociedades voltadas para assistência como as mutualistas e as sociedades voltadas para a resistência.

Sindicatos e o movimento operário no Brasil

Existiam três tipos de sindicatos relacionados ao movimento operário no Brasil:

  • Associações pluriprofissionais: diferentes operários de diferentes ramos industriais.
  • Sociedade por ofício: reunia operários do mesmo ofício ou ofícios similares
  • Sindicatos de indústria ou ramo de atividades

Porém, estas organizações tinham caráter regional. A organização que teve um caráter mais nacional foi a Federação dos Trabalhadores Gráficos do Brasil, fundada em 1927.

COB e as correntes ideológicas

Basicamente, as centrais sindicais reuniam todo o movimento operário no Brasil. Contudo, a mais conhecida foi a Confederação Operária Brasileira (COB). A sua criação se deu no primeiro congresso operário do Brasil, em 1906. Porém, a sua estruturação se deu em 1908.

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Contudo, em relação às correntes ideológicas, o Brasil assistiu à formação de vários grupos socialistas, começando pelo circuito socialista fundado em Santos (SP), em 1889.

Posteriormente, foi criado o partido operário na capital, em 1890. Porém, até 1930, esses partidos tinham durações efêmeras e eram na sua maioria muito regionalizados.

Quanto à ideologia professada nesses partidos era relacionada a um socialismo eclético, marcado pelo viés positivista e científico, era característico do socialismo da segunda internacional.

As greves

A situação de precariedade dos trabalhadores e grande exploração capitalista do início do século XX, fez surgir muitas greves de operários que eram relacionadas ao movimento operário no Brasil.

Neste sentido, em 1906, foi realizada em São Paulo a greve dos ferroviários em um longo período. No ano seguinte, ocorreu uma tentativa de greve geral, exigindo uma jornada de oito horas.

Assim, os metalúrgicos abandonaram o serviço, sendo seguidos pelos operários da construção civil, das fábricas de calçados e das indústrias têxteis.

Contudo, o governo convocou a força pública para a repressão e a ocupação do trabalho nas ferrovias para manter os trens circulando. Porém, em 1918 e 1920, as lutas dos operários tornaram-se mais organizadas.

Organizações das indústrias, estado novo e Golpe Militar

A partir de 1930, surgiram as organizações das indústrias como a CIESP, o IDORT. Estas organizações se empenham em aperfeiçoar a organização e racionalização do trabalho seguindo o taylorismo. Contudo, em 1937, com o Estado Novo, a repressão e perseguição aos operários aumentou com os estrangeiros sendo deportados.

CUT

Em 1964, com o Golpe Militar, o movimento operário brasileiro sofreu outra gama de repressões e limitações. Portanto, o movimento operário brasileiro, sofreu muitos condicionamentos repressivos.

Assim, surgiram as proibições de greves, controle nos índices de reajustes salarial, fim da estabilidade após 10 anos de serviços e outras medidas restritivas.

A desvalorização do operário aumentou e o desemprego também, os que continuaram no trabalho foram espionados por agentes do DOPs.

A partir de 1970, começou a nascer o novo sindicalismo que se consolidou no final da ditadura por volta de 1980, com um sindicato voltado para as questões do trabalhador e sem muito vínculo ideológico.

Assim, nasceu a CUT (central única dos trabalhadores), que nas suas propostas estão a ação direta da massa por meio de paralisações, manifestações, greves e controle coletivo das terras.

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Fontes: Brasil Escola, Escola Kids, Prepara Enem

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