Antecedendo nomes como Martinho Lutero e João Calvino, houve reformadores religiosos que impactaram o cenário protestante na Europa dos séculos XV e XVI. Assim, juntamente com John Wycliffe e Erasmo de Roterdã, Jan Huss foi um importante adepto das ideias críticas ao catolicismo.
Em suma, Huss ficou conhecido por pregar contra a doutrina católica e os privilégios da Igreja. Seu principal local de atuação foi a Boêmia, onde hoje é possível encontrar a República Tcheca. Como resultado de sua revolta contra a venda de indulgências e riqueza da Igreja, Jan Huss foi morto em uma fogueira no ano de 1415.
No entanto, o assassinato de Huss serviu para engatilhar uma manifestação por parte de seus seguidores. Dessa forma, ao longo de 30 anos houve uma guerra na região da Boêmia. Logo, costuma-se dizer que a crítica religiosa de Jan Huss transformou-se em uma importante luta social.
Vida de Jan Huss
Nascido entre os anos de 1369 e 1371, em Husinec, na Boêmia, Jan Huss não conta com muitos registros de sua infância. Todavia, mesmo oriundo de uma família humilde, sabe-se que o reformador religioso foi um destaque nos estudos teológicos e acabou tornando-se padre.
Como resultado de seu empenho, Huss acabou ganhando notoriedade no ramo acadêmico. Após atuar como professor de teologia, em 1400, Huss foi ordenado sacerdote. Em seguida, ele se tornou deão, e não demorou para assumir a posição de reitor da Universidade de Praga através da nomeação do rei da Boêmia, Venceslau IV.
A indicação de Jan Huss ao cargo de reitor funcionou como uma forma de contrapor a crescente influência alemã dentro da Universidade. Contudo, influenciado pelas obras de Wycliffe, Huss ensinou que “ninguém é representante de Cristo nem de Pedro, se não imitar os seus costumes”, desafiando assim a Igreja Católica.
As atividades docentes de Jan Huss acabaram originando um confronto entre protestantes tchecos e os católicos alemães. Dessa forma, mais tarde, o mesmo rei que o havia colocado como reitor da Universidade de Praga, o baniu do posto. Tal ação não abalou Huss, que seguiu pregando contra a postura da Igreja.
Logo, não demorou para que o clero decretasse os ensinamentos de Huss como heréticos. Assim, em 1412, ele foi excomungado por insubordinação, em virtude de posicionamentos divergentes ao do arcebispo da cidade.
Influência na Reforma Protestante
Assim como mencionado acima, Jan Huss era um estudioso das doutrinas de John Wycliffe. Embora não concordasse com todos os pensamentos de seu antecessor, não deixou de adotar alguns de seus ideais. Dessa forma, Huss passou a pregar em seus sermões suas críticas ao cristianismo católico.
Além de contrapor-se à autoridade da hierarquia eclesiástica, dizendo que a bíblia era a maior autoridade dentro do cristianismo e não o papa, Jan Huss defendia que a comunhão do pão e do vinho deveria ser oferecida a todos os fieis. Ademais, ele afirmava que a Igreja deveria ser mais humilde e voltada para a caridade.
Essa postura, como era de se esperar, chamou a atenção do clero. Além disso, a pregação de Huss sobre a necessidade de justiça social foi associada à exploração e miséria da classe camponesa. Assim, não demorou para que o reformador religioso acumulasse seguidores que concordavam com seus ensinamentos.
Assim como Lutero, Huss criticou a venda de indulgências, o que resultou no seu banimento de cerimônias religiosas, acusação de heresia e excomunhão em 1412. Vale lembrar que nesse mesmo período estava ocorrendo o Cisma do Ocidente, período de fragmentação da Igreja Católica.
Já em 1414, o Concílio de Constança se reuniu para tentar resolver os problemas decorrentes do Cisma. Todavia, ali também foi exigido que Jan Huss abandonasse suas ideias contrárias à Igreja. Visto que o mesmo recusou refutar seus posicionamentos, Huss foi condenado à morte.
A morte de Jan Huss
Assim, no dia 6 de julho de 1415, Jan Huss teve sua sentença cumprida e foi queimado vivo às portas da cidade de Constança. Entretanto, ao contrário do almejado pela Igreja, a morte de Huss não silenciou o movimento iniciado pelo mesmo, muito pelo contrário.
Os seguidores de Jan Huss, conhecidos como hussitas, se rebelaram na Boêmia, iniciando uma guerra que durou décadas. Esse movimento ficou conhecido como Revolução Hussita, entre os anos de 1419-1437 e só teve fim por conta de traições e intrigas nas próprias fileiras.
Por fim, as ideias de Jan Huss não deixaram de ser propagadas e adotadas por adeptos de uma reforma protestante. Além de ter influenciado discípulos radicais, como os taboritas, que criaram a Igreja Moraviana, um século depois do massacre na Boêmia, Huss influenciou Martinho Lutero.
E então, o que achou dessa matéria? Se gostou, confira também: Reforma Protestante – Contexto histórico, causas e consequências.
Fontes: Mundo Educação, DW, PrePara Enem, Infopédia.
Imagens: iROZHLAS, A12, Sua Bíblia NVT, Presbyterian Historical Society.