Classe operária – Surgimento, história e direitos trabalhistas

Classe operária é o movimento de formação dos trabalhadores que passaram a atuar nas fábricas a partir da Revolução Industrial do século XIX

A formação da classe operária deu-se a partir do desenvolvimento das grandes potências industriais na Europa a partir do século XVIII, graças a um fenômeno denominado Revolução Industrial.

Esse processo revolucionou a força de trabalho e os mecanismos de produção, dando origem a um novo grupo de trabalhadores que impulsionou a economia de países como Inglaterra e Alemanha, além de modernizar a forma com que as pessoas viviam nas grandes cidades. Junto a ele, desenvolveu-se também o capitalismo que conhecemos hoje.

Conheça abaixo em que contexto surgiu a classe operária de trabalhadores, como funcionava o seu ambiente de trabalho e quais foram os direitos alcançados até hoje.

Como e quando surgiu a classe operária?

O processo de industrialização dos grandes centros urbanos, sobretudo aqueles localizados na Europa, foi motivado pela alta demanda de serviços que surgia na época, como a produção têxtil (vestuário).

Classe operária: surgimento, história e direitos trabalhistas
Educa Mais Brasil

Tinha início o que os historiadores chamam de Primeira Revolução Industrial, uma das três fases que caracterizou os processos inovadores que se instauravam nos espaços urbanos.

Dessa forma, o intenso ritmo das fábricas exigiam cada vez mais o aumento de uma mão-de-obra qualificada, que migrava aos centros em busca de emprego. Esse novo grupo de trabalhadores ficou conhecido como classe operária e funcionava como a mola propulsora da economia, que se desenvolvia a largos passos.

A Inglaterra foi o primeiro país a apostar na transição entre uma forma de produção totalmente manual, o artesanato, para a operação de máquinas e a manufatura.

Sendo assim, os britânicos foram os pioneiros na construção das primeiras máquinas a vapor, o que inclui também a construção de ferrovias para a diminuição das distâncias e a aceleração dos processos de compra e venda.

Logo, os artesãos foram os primeiros a terem que vender sua força de trabalho aos grandes donos das fábricas. 

No lugar do trabalhador que controlava todas as técnicas de produção, nascia um outro perfil, o do operário que passava a obedecer a uma série de regras, dividir as etapas do processo com terceiros, além de aprender a manusear as novas máquinas.

A submissão da classe operária aos meios de produção

A alta demanda de serviços que explodia nas metrópoles exigia, de maneira idêntica, um número cada vez maior de trabalhadores convocados a atuarem nas fábricas. Surgia, a partir de então, a classe operária.

Swissinfo

Essa situação fazia com que a mão-de-obra fosse moldada a critério do patrão e não do empregado. Sendo assim, o preço caía em razão da alta concorrência, os salários pagos eram baixíssimos e as condições de trabalho péssimas.

Informações da época dão conta que a carga horária podia chegar a até 16 horas e os que não conseguissem aguentar o excesso de trabalho, deveriam ser substituídos.

Ademais, as mulheres e crianças sofriam situação ainda pior. Seu salário era inferior ao do homem e as tarefas eram iguais. Além disso, acidentes eram comuns nas máquinas e muitos ficavam doentes diante dos ambientes insalubres.

Os direitos que existem hoje em dia, tais como décimo terceiro e férias remuneradas, não existiam. Só recebia salário em dia quem trabalhasse normalmente, isto é, aqueles que ficavam doentes não eram pagos e ainda corriam o risco de serem demitidos.

A luta pelos direitos

Diante dessas situações prejudiciais, os operários começaram a iniciar movimentos de mobilização contra seus patrões e, mais especificamente, contra as condições a que estavam submetidos.

Classe operária: surgimento, história e direitos trabalhistas
Memória sindical

Foi assim que teve início a formação dos sindicatos, grupos de profissionais organizados que lutam a favor dos reconhecimentos trabalhistas previstos em lei. Nesse sentido, destacaram-se dois: o ludismo e o cartismo.

O ludismo ocorreu na segunda década do século XIX e consistia na invasão das fábricas com o objetivo de destruir as máquinas de produção. A justificativa dos manifestantes era de que o operário estava realizando boa parte das funções e, portanto, “roubando” o trabalho de vários cidadãos.

Em seguida, na década de 1830, o cartismo surgiu como um movimento trabalhista mais bem organizado pela luta de direitos como a redução da carga horária e o direito ao voto masculino (sufrágio).

Contudo, a primeira greve geral do Brasil ocorreu em 1917 e reuniu mais de 40 mil trabalhadores na capital paulista. Ela foi a precursora de uma série de outras manifestações da classe operária que se estenderia até 1919.

Entre outros pontos, os operários lutavam pela redução de carga horária e aumento salarial. Os setores têxtil, ferroviário, gráfico e alimentício foram os mais envolvidos.

Cabe mencionar que esses movimentos a favor do reconhecimento de direitos tiveram fortes inspirações em outras revoluções. A mais impactante delas certamente foi a Revolução Francesa, que instaurou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e ajudou a sedimentar o sistema republicano e democrático.

O reconhecimento dos direitos hoje no Brasil

No Brasil, a luta da classe operária por direitos trabalhistas teve início um pouco mais tarde, no início do século XX. Naquela época, a maior parte dos trabalhadores estava situada em São Paulo e no Rio de Janeiro, influenciados pelas ideias de liberdade comunista e anarquista vindas da Europa.

O Globo

É possível perceber que essas ações grevistas que vigoraram no sudeste brasileiro naquela época tiveram forte influência da Revolução Russa. Por analogia ao partido dos bolcheviques, no Brasil foi fundado o Partido Comunista Brasileiro (PCB), que existe até hoje.

Por outro lado, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi sancionada em 1943 pelo presidente Getúlio Vargas para garantir os direitos do trabalhador. Entre as medidas adotadas, estão a determinação da jornada de trabalho, férias remuneradas e licença maternidade.

A nível mundial, o artigo 23 da Declaração Universal dos Direitos Humanos garante “a todos os seres humanos o direito ao trabalho, a escolha livre ao emprego, o direito a igual remuneração por igual trabalho, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.

1º de Maio

Classe operária: surgimento, história e direitos trabalhistas
Agência Brasil

1º de maio é a data reconhecida mundialmente como Dia do Trabalho. Ela foi escolhida em razão de uma greve ocorrida em 1886, na cidade de Chicago (EUA). Na ocasião, milhares de trabalhadores se reuniram para lutar pela redução de 13 para 8 horas diárias de serviço.

Nesse sentido, a oficialização da data ocorreu em 1889 pela Segunda Internacional Socialista.

E aí, gostou de estudar sobre a classe operária? Então, confira também o que é ludismo.

Fontes: Mundo Educação, Brasil Escola, Toda Matéria, Mais Bolsas, Brasil Escola, Oitchau, Unidos para os direitos humanos, Prefeitura de Goiânia, Memória Sindical, Dia a dia Educação.

Imagens: Educa Mais Brasil, Memória Sindical, Swissinfo, O Globo, Agência Brasil, Dom Total.

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