Barragem de rejeito e desastre ambiental. É hora de mudar os conceitos?

O uso da barragem de rejeito é um método que deve ser superado no Brasil, com o beneficiamento a seco do metal. O que as tragédias nos deixaram de exemplo?

A barragem de rejeito e o desastre ambiental. É hora de mudar os conceitos?

A barragem de rejeito é uma estrutura de terra feita para depositar resíduos de mineração. Os minérios passam por um processo de beneficiamento e o que sobra é o rejeito.

Como o rejeito não serve para ser comercializado, posto que nada vale no mercado, precisa ter uma destinação. Não pode ser descartado na natureza, necessitando de um armazenamento adequado para evitar contaminações.

Ocorre que, com o passar do tempo, essas barragens se desgastam, já que ficam a céu aberto. Dois grandes acidentes marcaram a história dos desastres ambientais no Brasil. Um foi na Barragem de Fundão, em Mariana/MG, que rompeu em 5 de novembro de 2015. O outro foi o recente rompimento da Barragem do Feijão, em Brumadinho/MG.

Contexto Histórico

Entre o final do século XX e o princípio do XXI, todos os acidentes graves com barragens foram com o método para montante. Isso levou Minas Gerais a não emitir mais licença ambiental nos empreendimentos que usam esse método de alteamento.

Em 1986, sete operários morreram quando a Barragem de Rejeitos da Mina de Fernandinho (Itabirito/MG) se rompeu.

Em 2001, barragem similar se rompeu em Sebastião de Águas Claras (Nova Lima/MG) e matou cinco operários. Também houve danos ambientais pesados, como o assoreamento de um córrego e a contaminação de 43 três hectares de vegetação.

No ano de 2007, foi a vez de uma barragem em Miraí/MG se romper e deixar 4.000 moradores desabrigados.

A barragem de rejeito e o desastre ambiental. É hora de mudar os conceitos?

Rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho

Mas foi no dia 5 de novembro de 2015 que o Brasil testemunhou o até então maior desastre ambiental do país. Rompeu-se a barragem de rejeito do Fundão, que soterrou um distrito de Mariana/MG, sendo que dezenove pessoas morreram.

Há um cálculo de que 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração contaminaram o meio ambiente de forma irreversível.

Recentemente, no dia 25 de janeiro de 2019, rompeu uma barragem no Córrego do Feijão, Município de Brumadinho/MG. A mineradora responsável era a Vale S.A., posto que ela administrava a mina e fazia manutenção no local.

A proporção desse desastre em Brumadinho não tem antecedentes, sendo que se computam três centenas de mortos e desaparecidos. Os danos ambientais e sociais são incalculáveis, já que a lama tóxica ainda se espalha e vai atingir o mar.

A barragem de rejeito e o desastre ambiental. É hora de mudar os conceitos?

Os métodos de contenção

Há várias formas de se construir uma barragem de contenção de minérios.

O método denominado de alteamento a montante possibilita que o dique seja aumentado para cima. Quando a barragem se enche, a barreira de contenção tem que ficar mais alta, posto que a atividade de mineração é contínua. Ele se alteia como em degraus, conforme cresce a quantidade de rejeitos descartados.

No sistema de alteamento a montante, a barragem vai sendo elevada na forma de degraus conforme vai aumentando o volume dos rejeitos. Esse tipo de reservatório era o empregado na Barragem de Fundão da Samarco e recentemente na Mina Córrego do Feijão.

Já a Barragem de Rejeito a Jusante aumenta tão-só sobre si própria e no rumo da corrente dos resíduos. Isso tem mais eficiência na conservação da estabilidade da estrutura.

Na Barragem Linha de Centro, no entanto, os degraus são construídos uns em cima dos outros, posto que o chamado eixo de simetria fica regular. É denominado de um método intermediário.

Mas há também a Barragem Seca, onde os rejeitos são armazenados num tanque enorme, porém só serve para pequenas estruturas de mineração.

O método mais moderno, no entanto, é o chamado Beneficiamento a Umidade Natural que não usa água no processo e portanto não precisa de barragem de rejeito. O maior complexo minerador da Vale se chama S11D, no Pará, e usa esse método.

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Fonte: Organics, Super Interessante, Wikipédia, e-revista, Vale, EM, Notícias de Mineração, BDTD.

Fonte das imagens: i-monittor, Vaidapé, Info Grafias.

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